domingo, 23 de dezembro de 2007

Boas Festas!


(foto de Bruno Cunha)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Poooooooo........

Uau! Malta....
Isto por aqui anda mais lento do que os carrilhões da Rocha Brito!
É só vapores de seres aventurados de ar!
Suponho que a vida (e ainda bem) vos ande a chamar para muito verde e muita fruta e muita loucura
para se porem de cadeira a teclar num espaço virtual
....
fui passando e nada desde há seculos, desde que a moça dos algarves apareceu na antena.
Passei para vos mandar aqueles kandandos todos de Natal e festa e ano novo fantastico que se auguria para todos.
Informação de estado:
Estou na área. E não trouxe nenhum grogue especial na bagagem (já se sabe que sou a moça dos boatos, não é assim?)
Espero calar é o boato de que antes de eu partir de novo a gente se abraça.
Um abraço cheio de lugares do coração.
V.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Publicidade

Meus caros amigos e leitores, não gosto de fazer publicidade de coisas que me digam respeito. Não gosto de chamar a atenção para mim própria, embora curiosamente me sinta muito à vontade a fazer publicidade a outros. No entanto, como mo recordou um amigo recentemente, se não nos publicitarmos, quem o fará?
Assim sendo e porque acho que o Miguel Guilherme tem uma voz tremendamente sensual, sobretudo quando lê histórias minhas, aproveito para deixar aqui o aviso de que amanhã, pelas
17h20, 21h20 ou 03h20 na Antena 1 da RDP, no programa "Histórias (de)vida".
O texto já vocês leram aqui - é o "Sangue, suor e lágrimas", mas é como eu digo, com a voz e a representação do Miguel Guilherme, até eu estou curiosa para ouvir...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Coisas de Chuvas e meteoros

Esse titulo so existe porque assim decidiu. De cada vez que tenho de usar esse precario computador e maligna internet de cafe junto da minha casa em santiago, tenho uma pequena dor de bilis, tenho um serio problema com as teclas, com o stress da velocidade dessa coisa, mas enfim, como estou numa paz, ta-se bem.

Estou a escrever que nem uma possessa!!! Fazem ideia do mar daqui!!! Nao ha oceano no mundo mais bonito do que o mar de kebra kanela. Temos um batimento cardiaco identico, juro, nao eh literatura nao.

Vou para Luanda esta semana mas regresso a CV no final de novembro. Em dezembro. 19 estamos em portugal e meninos. Vamos beber um grogue. Eu levo voces apanham a grande piela. Eu fico observando. O alcool brigando com o vosso sangue e batendo batuques nas vossas ancas. Era mesmo doido de bonito.

Ja coisas de luanda vou vos levar o que luanda mandar. Eu ainda nao sei.

Ando serena e batida de cacau na pele. Como pele minha que sao, fico vos sentindo a falta. Das carecas, das meninas das blusas cor a fazer de rosa, das asas de larva borboleta, dos caramelos, e dos sabores inteiros que me oferecem num certo a toa.

Um beijinho muito concreto com sabor a saudade.

V.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

UM SOPRO DO CORACAO DA ILHA

Num computador cansado de velho, ainda assim meigo, do encantamento com que olho para tudo,
mando um sopro de um coracao da ilha
para as ilhas que se revelam
nos vossos contornos

V.

sábado, 13 de outubro de 2007

OS LOBOS

Uivam à lua
e comem a carne de gente

Ou não?

(risos)

Estou só a escrever à toa para espantar becos

Shô!!!

Lobinhos
vou visitando as letras
sangue de guelra
vossa

Brisas Melancolicas

Ando com as veias
cheias
de melancolia

A saudade inventou quem?
Quem esse?
Maluco de querer sentir-se assim?

Ando com o pé
Falhando passadas

Ando sem.

É.

Ando sem.

Faz mal não.
Ir um pouco
Sem compasso afinal.

Assina: Penitência sem finados

terça-feira, 9 de outubro de 2007

O Fim de um Lobo é o começo de outro

O Bruno matou o Lobo dele e eu soltei o meu! Pus hoje um post onde começo a falar de coisas de que nunca ouviram falar. Um pé no Futuro. A oportunidade de assistirem, e participarem, numa revolução do conhecimento. Tal como há 5 séculos atrás! Será, não será...?

Vou tentar cumprir o desejo de Einstein : expôr as teorias de uma forma que uma criança possa entender! e tentar fazer como o Galileu: falar para os não-cientistas. Porque os cientistas, como explicou o Planck, já têm a cabeça cheia das ideias velhas, não têm espaço para as novas.

(as crianças, para entenderem, fazem perguntas - por isso fico à espera das vossas!)

Abraços. Alf

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Lobo com fim à vista...

Pronto, matei o meu lobo. Só falta um epílogo em forma de sopro eterno e é o fim do conto. Muito obrigado.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Por favor...


... leiam, comentem, actuem!
A causa é também nossa...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

domingo, 30 de setembro de 2007

Engolindo JAZZZZZZZZ...............

Por vezes os acontecimentos possuem a felicidade de simplesmente acontecerem.
A semana passada, ou foi antes disso? Não sei, e nem faz mal nenhum a falha de memoire do tempo. Aconteceu eu engolir de uma assentada o grande som do Quarteto André Fernandes e a magnifica gestão de silêncios do Steve Wilson Quartet.
Os dois quartetos, tiveream o condão de deixar que me acontecessem coisas de drummerworld, Alexandre Frazão tem baterias que as baterias desconhecem, e Adam "Magic" Cruz, é EXTRAORINÁRIO no mesmo intrumento.
O Grandioso senhor CRUZ eleva à catergoria de asa uma pessoa alma.
Há CRISTO acreditem. Há DIVINO nesse mundo agora mesmo

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

My Heart is full of water

Há dias assim
Leves
:-)

Assina: Flor de jardim

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Inspiração

Vejam este texto da Sophia de Mello Breyner Andresen

(post de 25 de Setembro)

Esta capacidade que ela refere treina-se. Temos de procurar as situações em que melhor ela funciona e temos de nos treinar a escutar, a deixar as ideias fluirem sem intervir com o consciente. É uma atitude que temos de cultivar e que é muito diferente da atitude de procurar conseguir obter resultados usando o raciocínio.

Boas inspirações.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Os leques cresceram

(foto da Kátia Bandeira de Mello Gerlachk com o seu pequeno Matias)

Já havia nove meses que a nossa Kátia nos prometia... Um dia teremos um mini leque... aqui está a prova de que cumpriu a promessa bem cumprida!

Lá pelos States há agora um pequeno leque a gritar a plenos pulmões, a agitar os seus ventos pelas vidas que o rodeiam... e também as nossas que daqui de longe o vamos bafejando com os nossos pós inspirados e lhe vamos mandando umas energias mesmo boas!!!
Talvez a borboleta, ao passar pelo hemisfério norte o vá visitar e nos traga um pouquinho só da sua presença...

Beijos bela Kátia...

domingo, 23 de setembro de 2007

A minha vida (presente)

Perdoem-me. Este é um post com um cariz mais pessoal. Para começar tem algo raro meu: uma foto da minha fronha! Depois tem uma confissão, que se segue agora: como sabem, regressei às lides da publicidade. E, talvez não saibam, em publicidade não há horas para nada. Trabalho tipo 9 a 10 horas por dia e quando chego à noite já não tenho cabeça para escrever nem mais uma linha. Mas fiquem descansados pois a minha produção escrita não se finará, apenas será mais espaçada. Assim, estou a apenas 1 post de finalizar a história infantil no meu blog. Seguidamente tenho a história do meu lobo solitário para terminar. Para esse conto faltarão um ou dois posts, no máximo. Não tenho o final escrito mas está desenhado na minha cabeça. Depois disso terei de arranjar mais motivos para escrever e assim de repente não tenho mais nenhum mas acho que, depois deste turbilhão inicial no meu novo trabalho, acho que é chegado o tempo de eu pensar num projecto de escrita com princípio, meio e fim, eventualmente a pensar num hipotético livro. Não quero ser nem presumido, nem taxativo, mas acho que tenho de pensar nisso mais a sério.
Quanto a vocês, tenho-os visto por aqui e pelos vossos blogs e fico contente por não perdermos o rasto um dos outros. Lembro que quem quiser colocar o link de um blog ou site pessoal é só dizer que ficará tratado num instante. Com um blog cada vez mais interactivo, mais agitação poderemos provocar. Só depende de nós.
Beijos para as senhoras, abraços para os senhores.
Com saudades,
Francisco Bruno

domingo, 16 de setembro de 2007

Regresso ao trabalho

Leques, olá a todos.
Ao contrário do habitual, este post tem um cariz mais pessoal. Caso não saibam, eu voltei às lides da publicidade há já uma semana. Estive desempregado 6 meses e eis-me de volta ao turbilhão de trabalho e mais trabalho, tipo 9 horas diárias para cima, perspectivas de noitadas e fins de semana a bulir (sem ganhar mais por isso). Confesso que é algo que não me provoca sorrisos mas enquanto não souber fazer outra coisa que dê algum dinheiro não tenho outro remédio.
Infelizmente, com o meu regresso ao trabalho terei menos tempo para o meu blog e também para este (mas estou muito contente pois os leques agitados já têm a sua autonomia mais que estabelecida).
Assim, eu não me esqueci de vocês, descansem. Estarei por aqui e pelo meu blog mas eventualmente menos interventivo. Os meus projectos de escrita continuarão e agora que também já sou formador possivelmente outras oportunidades se poderão abrir para mim (se a publicidade deixar, lá está).
Até breve, eu aparecerei por aqui, nem que seja para vos ler!

Tenho lido e escrito imenso

Tenho lido e escrito imenso, ler leio o excelentissimo Luis Carmelo, ando a conversar com a cintura da menina de Deus, ou do menino de Deus, que deus gosta de pegar as gentes pela coxa.
(nem me fica bem dizer isso mas são influências de outros passaros)

Ando a gostar estranhamente de palavras que eu rejeitava, palavras como bonito. Bonito é uma palavra deliciosa. Palavras como querida que eu achava absolutamente enjoativo. Palavras como regurgitar...que é quase que um gorgolejo.

Mas há uma que é como se fosse minha mãe, e é a palavra coisa.
Nada subtitui com veracidade o significado sonoro de coisa. Coisa é tanto abstracto quanto exacto, não tem certezas. E serve para um sem fim de nomes e finalidades. Por isso é uma palavra mesmo minha mãe.

Estou por esses dias com a cabeça no colo.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A natureza...

...Canta para mim..
Dia 12 de Setembro de 2007... O dia nasceu negro, a noite fora tempestuosa, trovoada de arrepiar e uns relâmpagos lindos, azuis, com voz imponente lançavam-se à terra, carpindo as mágoas de um Verão que se despede...
Como sempre apreciei o som da tempestade. Nascida em África, penso que o trovão e o flash do relâmpago façam parte da minha carne e do meu sangue... não sei, talvez façam...
Eu sei é que nessa noite a natureza cantou para mim, uma autêntica ópera das Valquirias, com o mundo a desabar sobre a minha cabeça!
O dia amanheceu ainda assim negro. Costuma dizer-se que depois da tempestade... a bonança... mas desta vez parecia que a tempestade tinha apenas feito um intermezzo para continuar mais tarde.
O dia era o último de férias para os meus pequenotes e resolvemos tirar a tarde para um passeio à beira mar. Almoço e café na Marina de Vilamoura, zona in e out quando estamos em pleno Verão, mas agora bem simpática para um respirar tranquilo e um adeus à dolce vita...
O negro resplandecia no céu e parecia que nos ia cair em cima a todo o momento. O movimento das nuvens nem chegava a ser visivel, tão compacta era a massa negra acima das cabeças.
Sentámo-nos na esplanada da Häagen Dasz para um cafezinho e gelados e durante as brincadeiras dos miudos resolvi dar uso à net móvel no meu Sony Ericsson...
Tinha deixado o Michael Bublé cantar por mim o que sinto pelo pessoal do Lec e a Nessa, como é incapaz de resistir a um bom desafio, respondeu à letra. Li e acatei o conselho de sair e procurar a minha luz e no preciso instante em que olhei o céu lá estava ele... Sua excelência o Sol rainha, espreguiçando os raios mais afoitos por entre aquela escuridão ameaçadora.
O arrepio foi instantâneo - recebi o teu sorriso Nessa... obrigada minha querida.
Sorri de volta aos raios de sol e mandei-os levar-to para que soubesses que te tinha ouvido.
A Natureza cantou para mim, mesmo sem os trovões, sem os pingos grossos da chuva no telhado, sem os pássaros ou as borboletas. Aqueles raios por entre as nuvens tinham som de cristal e de riso amigo!
Não me vou... fico... não sei até quando...

Olá pessoal - aceitam um desafio?

O desafio está lá no meu blog - incorrigivel-ratodebiblioteca.blogspot.com.
Façam-me uma visita, comentem os posts, Ah! e não se esqueçam... respondam ao desafio!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

RATOS DE BIBLIOTECA

O que tenho para contar nada tem a ver com bibliotecas mas como é ditado de pé num computador da biblioteca de Oeiras, vale a pena entitular a coisa de rato de biblioteca...esses espécimes metidos de nariz nos livros.

Ontem aconteceu-me uma coisa que eu queria oferecer à Patricia, porque ela parece-me querer partir de muitos lugares.

Eu e o senhor marido metemo-nos no carro com o puto e andamos por aí sem destino apenas ouvindo uma antiga cassete de fabuloso Jazz. Aquele Jazz do caraças, estão a ver? Aquela cassete é uma reliquia porque nos leva de volta ao mesmo amigo, o Mito. Um pintor caboverdiano magnifico que é primo do senhor marido e meu amigo de infância. Foi ele o responsável por termos Jazz no coração. Quando eu era menina ele arranjava umas cenas a que chamava de "balisinhas de Jazz", eu e a minha melhor amiga Isa (mana dele) estavamos convidadas a entrar no fabuloso mundo de arte do seu quarto para dançar Jazz.
Há lugares de felicidades delicadas que até para contar perdem o nome. Querem se esconder e guardar.
Ao Ricardo ele gravava milhares de cassetes com tudo do bom da música, e ensinava a papar programas de TV que fatidicamente finaram com o tempo.

Ontem, eu e o Ricardo, mais o puto pequeno, passeámos ao som do Mito. Corremos a marginal de ponta a ponta e depois de tal forma relaxados e frescos de espirito, estacionamos a viatura no paque da praia da torre.

Meus amigos, a natureza deu música! Dentro do carro, Mauro no sono, flashes de relampagos exuberantes iluminavam o céu nocturno, dando música, trovoadas faziam de contra-alto, e a chuva que inicialmente batia de fininho nas janelas, caiu em cascata por sobre o capot...o som era...extraordinário.

Ficamos ali uma hora até a natureza dizer bye bye temos sono.

Um pessoa viaja todos os dias nas coisas simples do mundo. Basta se abrir.

Pequena Patricia, se estás de desanimo, acorda para ti e vai lá fora que tudo se resolve num momento. Ou então, sonha, veste uma camiosola de caxemira um par de manolo blahnik e sai porta fora nua.

Um abraço a todos
um beijo nas asas da butterfly
Um abraço no cvoração da Pat

V.

I've Got You Under My Skin

Pois é pessoal!
there's no other way to say this... only with music...
Era uma vez uma aspirante a escritora que decidiu candidatar-se a um curso de escrita criativa online.
Preencheu com ansiedade o questionário que lhe colocaram, todas as respostas rasgadas, roubadas à boca do coração, ainda assim temendo que fosse de menor importância o facto de já ter nascido com as letras na alma e a poesia da prosa no corpo. A hesitação impôs o temor de que um curso online fosse algo impensável de fazer a sério... é possível estar-se mais enganado?
Com surpresa veio a aceitação para fazer parte do grupo para o 3º laboratório de escrita criativa do Instituto Camões.
Novo questionário, desta feita respondido com o ardor sangrento do coração inflamado pela expectativa.
Logo a abrir o fórum um colega expôs-se com um conto. Como não me faço de rogada nestas coisas da desgarrada, respondi-lhe à letra... um copo de água tinha jorrado sobre umas calças de executivo. Eu quis ser a outra voz no conto e rugi com força!
O fórum foi a melhor experiência do laboratório online, mas a experiência dos exercicios mostrou-me que isto de escrever tem mais que se lhe diga que apenas cuspir umas palavras para uma página de papel e colá-las com um bocadinho de emoção... não... isso não chega...
Por isso tenho tanta dificuldade na manutenção da escrita, na criatividade dos textos.
Mas outra coisa resistiu para lá do ambiente virtual do Instituto Camões... vocês... a vossa amizade, a vossa presença... E por isso vos digo:
I've Got U under my skin...
E com esta me fico... e me vou... não sei até quando...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Uma borboleta em Havana


As borboletas costumam ser animais invertebrados que passam por um processo de metamorfose antes de atingirem o estado alado e vivem apenas um dia depois disso.
Eu disse costumam? Pois é, eu tenho razão!
Neste caso porém, essa regra não se confirma! Esta borboleta é vertebrado, faz-nos a nós passar pela metamorfose depois de a conhecermos e viverá bem mais do que um dia.
Havana é o primeiro poiso que ela e o seu zangão resolveram escolher para dar inicio à viagem
das nossas vidas.
Eu vou suspirando e ansiando pelas noticias... e desta vez arrepiei-me... porquê?
Porque enquanto eu clicava no site as fotografias iam aparecendo... quase como se a borboleta e eu tivéssemos uma ligação qualquer e ela tivesse resolvido, do outro lado do mundo, enviar-me um presente - primeiro para ti amiga, primeiro para ti!
Adivinhas-me as saudades não é?
Fazes-me falta amiga, fazes-me falta...

sábado, 8 de setembro de 2007

O Rapaz de Cotão (4ª Parte)


Vagueando um dia pelo chão do sótão,
Encontrou no escuro daquele espaço
Sentada numa velha caixa de cartão
Lívida e só a Boneca Palhaço.

A Boneca Palhaço, matrafona feia,
De cabelo áspero, espetado e colorido,
Cabeça grande feita de uma meia,
Vestia um remendo em jeito de vestido.

Tinha em lugar do olho, um botão.
A cara pintada de leve esborratado.
E em breve e cândido acto de contrição,
Deixou o Rapaz perdido e apaixonado.

A Boneca nas suas cores desbotadas,
Tinha baça fuligem de tempo no vestido
E contas de metal no pescoço pregadas,
E na mão fechada um violino partido.

História Encantada

Uma amiga minha entra na Biblioteca de Oeiras. É fim de verão. Tempo para leituras ao modo dos teares por completar. E diz-me ela, alertando-me para uma "história curiosa": "Tenho passado o dia a ler e a escrever com calma. E como te disse as minhas leituras têm sido as tuas páginas". Até aqui tudo bem, Vanessa, e só espero que não te caia em cima um meteorito ou uma dessas setas envenenadas que são próprias dos deuses mais desastrados. A minha amiga resistiu e lá conseguiu continuar a ler-me (há vários romances meus por lá: é assim a generosidade do serviço público). A certa altura, está a Vanessa à luta com o meu Máscaras de Amesterdão, e eis que a grande surpresa invade a via láctea. Diz ela: "imagine-se que eu estava apenas a abrir as páginas ao acaso para saborear frases soltas. Não era para perceber o sentido, queria apenas sentir o som. Por vezes, faço isso com poesia e também o tento fazer lendo outro tipo de literatura" (...) "E ao abrir, comecei pela página de face, quase vazia, com inscrições de datas e pontuações da biblioteca com referências. Então os olhos caíram sobre a tinta azul que dizia: "Para o Eduardo Prado Coelho com um abraço do... assinatura ilegível".
e
Nessa altura, a Vanessa precisou de confirmar a assinatura com a do seu próprio exemplar de E Deus Pegou-me pela Cintura para ter todas as certezas acerca do móbil do crime. Salvo seja. Mas era mesmo verdade, verdadinha: "Eu tinha nas mãos um livro que autografaste ao Eduardo Prado Coelho em 22/10/02. Em cima da secretária repousava um outro que me tinhas autografado em 06/03/2007. Após o pasmo inicial, calculei que aquele momento fosse muito bonito e representativo da forma mágica como as vidas se cruzam no ocaso do acaso. E as datas, que já foram dias específicos, com acontecimentos concretos, com pessoas dentro de pessoas, de repente foram mais do que números" (...) " Fiquei imaginando o hiato entre os dois tempos com a mesma assinatura, a quantidade de vida, de histórias, de pessoas, de paisagens sonoras, que cabiam ali dentro" (...) "e era verdadeiramente impressionante".
ee
"É assim", minha amiga - que me autorizaste a tornar pública esta ópera silenciosa: do outro lado das empatias, dos reconhecimentos e dos panegíricos sinceros, ou não, os vulcões também se abatem. Há muitos anos, já tinha comprado romances meus por vinte escudos no Terreiro do Paço. O que eu não sabia é que um romance com dedicatória e tudo pudesse, em menos de cinco anos, ser extraviado para os corredores de uma biblioteca pública. Achei este enredo delicioso, confesso. É terno e dispõe os acasos diante de nós como se fossem um self-service sem fim. Às vezes, a literatura não muda mesmo as nossas vidas. Não é?
e

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

E lá foi a nossa querida borboleta..

E lá foi a nossa querida borboleta esvoaçar pelo mundo fora, cheirar novas vozes e saborear outras paisagens. A alegria que me invade o peito é proporcional à saudade que o aperta. Um ano é demasiado longo para ficar como experiência, é demasiado grande para ficar só na memória. É o tempo de um sonho ganhar corpo e abrir os braços a quem tanto o desejou. É o tempo de todo um renascer interior, um reaprender a viver, a pensar e a voltar a idealizar. Nada será como dantes. Uma nova vida começa agora.
Ficamos a aguardar, impacientes, por notícias vossas!
Muitos, muitos e muitos beijinhos!
Boas viagens/estadias/caminhadas/existências à volta desse mundo, que será vosso!!

Há partidas que doem...


Hoje é o dia!
É hoje que parte a borboleta...
Há partidas que doem no peito de quem fica... Esta é uma delas.
Sei que partes leve, sei que fica o peso da tua presença alada e suave. Para quem te não conhece isto pode parecer pouco, mas os que de nós te conhecemos, sabemos do imenso peso que essa presença significa!
O mundo que vais explorar é mais pequeno que tu e nós ficamos entregues a essa imensidão da tua ausência, aguardando que nos digas que o pequeno mundo que nos rodeia é também demasiado pequeno para nós...
Os leques ficam mais ricos porque as estórias que vais trazer nos inundarão de fantástico, de formidável, de espantoso. Mas ficarão mais pobres porque a tua presença não será constante, permanente...
A saudade é uma palavra muito portuguesa, que tivemos o cuidado de transportar nas malas de cada vez que nos aventurámos no mundo... não foi por isso que deixámos de partir... foi só por isso que tivemos de voltar!
Uma boa viagem minha borboletinha. Boa viagem Miguel!
Eu que me preparo para as saudades, vos saúdo!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Hoje sinto-me assim...


Pegando num post do alf venho aqui confessar-me, como mulher e como leque. Estou agitada pelas saudades hoje. As saudades de bons amigos que partem, as saudades de bons amigos que ficam e... acima de tudo... as saudades de mim quando estou com eles!
É... tenho andado ausente de mim, desde um belo dia de Verão, o mais quente do ano, em que antas e cromeleques ganharam vida e de entre eles vi surgir uma fada, um druida, um gigante das letras, uma musa inspirada, uma bela ninfa e três pequenos duendes, levando-me em braços ao lado do meu consorte, por entre caminhos de pedras e terra, suando em bica, cheirando o solo misturado com os aromas de milhares de anos e as promessas do dia que viria depois...
Entretanto tudo se passou rapidamente. O mundo em que entrei de seguida deixou-me num êxtase avassalador até hoje. O dia acabou depressa demais, os amigos que revi e os outros que fiz deixaram as saudades que vêem escritas neste solo arenoso e que está também gravado a fogo no peito.
Amanhã parte uma amiga irmã para o outro lado do mundo e durante um ano vou viver em suspenso, aguardando a sua volta, ansiando por novas suas em formato digital e no entretanto vou salivando por mais.
Daqui a dias partirá uma outra amiga que temo muito tenha perdido a confiança em mim. Pior do que isso, esteve aqui a dois passos da minha mão e eu deixei-a voar sem sequer lhe vislumbrar as asas! Imperdoável... é o que dá andar-se ausente do corpo e deixar-se o espírito vogar livre por outras paragens!
Aos outros amigos que vão agitando os leques ao sabor do calor suave deste Verão, peço que não me levem a mal, mi casa es su casa, quando bem entenderem... mesmo que eu não esteja nela!
É que esta casa já se habituou de tal forma a albergar espíritos livres e ávidos leitores, que já funciona sem mim na sua protecção...
Para os outros que não me conheciam ainda deixo um repto... A minha escrita anda desmaiada, triste, esbatida. Existe por ai uma alma caridosa que faça sobressair em mim tudo o que tem de belo, alegre, indomável?
Vamos lá pessoal... se é de agitar que se trata, eu torno-me já um leque ao vosso dispôr...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A PROPÓSITO DE UM REPTO NO MINISCENTE QUE DÁ QUE PENSAR

OS LIVROS QUE NÃO MUDARAM A NOSSA VIDA...

Subtítulo: Entendimento Light para não engordar o cérebro.

Sou da opinião, uma opinião que surge exactamente agora e como não vem de longe é tão fundamentada quando o instinto, de que os livros são coisas do seu dono. Sejam de belo porte e senhora raça, ou vadios desgraçados, só são tristes e perdidos quando não têm dono.

Os únicos livros que li e não mudaram a minha vida substancialmente foram os romances cor-de-rosa da minha adolescência. E mesmo assim só porque fiquei chateada quando cresci e o raio do príncipe tinha um automóvel e cheirava mal da boca. Espero que as autoras de quem já não me lembro, se sintam felizes com os seus caniches cor de princesa, e mudem a vida de alguma pobre infeliz, com as suas mensagens de guardem-se puras para o beijo fatal.
Isso é tudo muito importante porque o mundo já não tem virgens e nem homens a cavalo, o que é uma desgraça.

Portanto, quando um autor tem mais a dizer do que, guarda-te virgem e espera o almoço gémeo servir-se no prato do teu cálice maduro, eu acho tão bom que leio tudo com gula de principiante.

Assim, tenho a dizer que livros maus e bons que não mudam a vida de pessoas, são tão sinistros quanto os livros vazios e muito pouco sentidos que não servem de casaco de abrigo ao autor. Graças a Deus ainda não conheci nenhum.

Virginia Lobo do Kassembe

O Rapaz de Cotão (3ª Parte)

Era feito em seu jeito o Rapaz de Cotão
De borbotos, pós e fibras várias ,
Das sujidades que vagueiam no chão,
Mais de micróbios e ácaros párias.

Tinha na sua consistência porosa
A fácil e evidente razão da repulsa.
Mas em tal matéria horrorosa
Um puro e verdadeiro coração pulsa.

O Rapaz de Cotão cresceu enjeitado,
Coberto pelo pó, rebolando o chão.
Pelos pais ressentidamente rejeitado
Numa infância de triste alienação.

Que sentimentos tristes o entupiam!
Nem companheiros, amigos também não.
Só os ácaros que em si viviam
Quase lhe aliviavam aquela solidão.

THE HOURS By VIRGINIA WOLF DO KASSEMBE

São duas da manha.
Só isso.
(…)
Ardem-me os olhos
De solidão.
Ainda há mais isso.
(…)
Duas merdas da manhã depois,
Só com o eu e as páginas cagonas
Sobejam-me os palavrões
Para abalroar tudo o que hoje escrevi.

Merdas.
Só isso.
Merdas.
...
É preciso tanto excremento?
Tanto!
Para se ser Virginia Wolf do Kassembe.
Se é só isso que se pede.
Que ela reencarne no Kassembe.
Não precisa ser génio
Só conseguir escrever
F...s!
V. Do K.

sábado, 1 de setembro de 2007

O Rapaz de Cotão (2ª Parte)


Façam os testes e tragam resultados!
E os médicos olhavam-no com admiração.
Se todos os cuidados foram tomados,
De onde saiu esta aberração?

E foi uma descoberta de pasmar!
Que o Rapaz de Cotão era então,
Fruto de estranho e bizarro amar
Da cópula que lhe ditou a concepção.

A mãe chorava disposta a confessar
A paixão que a prendeu como num nó,
A relação em que se deixou embrenhar
Imprudentemente com o aspirador de pó.

A revelação o pai acatou com paciência.
A sua culpa era também evidente:
Anos e anos de falta de assistência
E a esposa entregue ao desejo demente.

Clara e Miguel, boa viagem!

É verdade, no momento em que escrevo este post faltarão poucos dias para o tiro de partida da volta ao mundo da Clara e do Miguel. Certamente será uma epopeia, onde as asas de uma borboleta provocarão efeitos desmedidos por essa Terra fora.
Em jeito de homenagem, deixo já a seguir um pequeno conto que fiz para a Clara, no passado mês de Abril (e já publicado no meu blog), quando ela deslocou uma vértebra (lembram-se?). Agora, totalmente recomposta, aí está ela pronta para ver e viver as sete partidas do mundo, numa cruzada onde apenas conta a sua sensibilidade e o seu espírito curioso. Ela, e o Miguel, terão o privilégio de mirar e sentir coisas que muitos de nós não suspeitamos. De certeza que irão partilhar connosco nem que seja uma ínfima parte das suas experiências e vivências.
E agora partimos para o pequeno conto:

A MAIS CLARA DAS DECISÕES

“Na noite em que, ainda sem saber como, desloquei uma vértebra a dormir, tomei uma decisão que me pareceu perfeitamente consciente e plausível: vou dar uma volta ao Mundo!
Contra a minha vontade, estou deitada na cama, mal me podendo mexer. Não tenho dores, apenas um ligeiro incómodo contínuo, como se a minha vértebra me estivesse permanentemente a recordar que existe. Eu sei que ela não é virtual mas escusava de se manifestar desta forma traiçoeira, ainda para mais sabendo que se deslocou durante o sono. Mas irei fazer com que pague caro este atrevimento. A minha vértebra, o resto do meu corpo e a minha alma, mesmo por mais infinita que ela seja, iremos viajar durante um ano por essa Terra fora.
Não, não tive nenhum sonho especial. Apenas uma clarividência tão ofuscante que me fez despertar. Aliás, não foi a dor que me acordou mas sim a ideia de que tenho de fazer a viagem da minha vida.
Despertei com esse desejo tão grande e talvez tenha sido ele que me fez estrebuchar por inteiro, fazendo com que a minha vértebra se deslocasse. Calculo até que o meu osso discal adivinhou esse pensamento e, querendo antecipar-se à partida, moveu-se inexplicavelmente com o meu desejo mas, talvez sem querer, amarrou-me à cama.
Terá sido uma conspiração para eu não bater as asas antes de tempo? Chamam-me de borboleta mas agora estou encerrada no meu casulo. Mas só o meu corpo. A minha mente já voa por montes e vales, mares e rios, cores e pessoas, cheiros e ventos. Assim que me puder erguer da cama a primeira coisa que farei será abrir a janela de par em par. Quero sentir o Mundo antes de me embrenhar nele. Agora só quero mesmo uma pequena colaboração... Sim, vértebra, estou a falar contigo! Despacha-te. Põe-te boa, depressa! Desamarra-me e solta-me na redonda bola azul. Também ela anseia por mim tal como eu anseio por ela.”


(imagem retirada de www.cienciaviva.pt)

Mulheres e Homens

Saltitando de blogue em blogue saltou-me à vista a diferença espantosa entre blogues de homens e mulheres. Que se estende aos comentários e comentadores.

Nos blogues dos homens extravasa a sua competitividade, a vontade de apontar o erro, a crítica; os das mulheres tratam do que sentem, são umbiguistas. Isto em linhas muito gerais, evidentemente.

Os blogues não são, ainda, um retrato da humanidade. Mas sem dúvida que retratam uma parte importante dela. Homens e mulheres surgem na blogosfera tão diferentes como se de espécies diferentes se tratasse.

Quando olho para as personalidades típicas de homens e mulheres que em tantos blogues se revela, fico um pouco assustado - não quero estas personagens nos romances que farei ou não. Mas cabe ao romancista escolher a humanidade a que dá vida?

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Soltando cachorros de madrugada... a propósito de realidades e religiões literárias

A realidade é algo de indefinível, depende de pontos de vista. E o chão é o que dele fazemos. O terreno da literatura reflecte, quando muito honesto, qualquer coisa do nosso betão. Ou assim imagino.
Não é o contar da vidinha, nem pressupostos de magnificências do eu, apenas se trata de formas de se parir de novo.

Religião parece-me, na sequencia do post abaixo, que seja o recriar sagrado do espaço translúcido do eu. E cultivar aquilo que nos importa.

A mim importam as viagens das minhas palavras, por isso sou deusa sempre do terreno das minhas frases, que muitas vezes são donas de si próprias.

A imaginação não tem, nem deve ter, nomes, cruzes, credos, sacrifícios, sacrilégios, deve ser sempre um verdadeiro prostíbulo ou então, quem sabe, altar de vísceras.

Gosto imenso das vontades do possível em tudo aquilo que impossível é. Por deuses! Há tanta destreza no improvável, no inalcansável, na falta de toque!

Castrar a Literatura é tão absurdo que vale a pena ser touro apenas pela valência do tamanho dos seus tomates. Nunca vi. Suponho que sejam grandes e valentes.

Por isso talvez a vivência da sensibilidade como se literatura fosse só isso. Bocados de alma de deuses. Que tudo podem, e tudo criam, acima de todas as questões terrenas.

Haja libertinagem e liberdade para os santos demónios da literatura. Com Deus numa mão e o diabo na outra, os caminhos da procura, jogam sempre a teu favor.

Não acredito em livros não sofridos, em livros não suados, em livros não apaixonados e amados, que não se fazem como se os amanhãs se matassem.

Acredito profundamente num certo nível de terror perante a criação. E veja-se que eu só crio ainda vozes de abelhas, esperando do seu corpo os seus favos como um faminto pedinte.

Escrever por vezes não custa....arrasa. (Devo mesmo lá no fundo das minhas canices, ser mesmo masoquista. Ou desequilibrada. Os senhores do equilíbrio não precisam da literatura para nada mais do que contemplação)

As noites são sempre madrugadas de mistérios e soltam de todos os matos os seus cachorros...

Existe um mundo próprio para latidos sabem...e é este aqui.

Agradeço que me mordam os ganidos. (risos)

VOG

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Diziam então eles sobre escrita... e eu abaixo assino

“Para uns a literatura já não é arte – é religião. A literatura é território sagrado onde se inventa um chão e nos sentamos com os deuses. O lugar onde, também nós, somos deuses. No momento dessa relação, estamos fundando um tempo fora do tempo. E nos religamos com o universo. É isso que torna num momento divino esse pequeno delírio que é o acto de inventar.”

Mia Couto, “As Visitações de Ondjaki”

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Ainda sobre Livros e Férias

Por vezes acontece uma biblioteca a meio da tarde, com janelas ao sol e coqueiros importados. A mesa cheia de livros que sonho, muitos, tantos livros, com viagens de cada polegar, sem tempo para me esperar partir com eles.
E consegue-se então de maneira aviada ler com gosto de doce de marmelo, Hamina do moçambicano Craveireinha. Há eles histórias que escorregam e nos pegam bem no soco do estômago. «Historia de Sonto: O menino dos jacarés de pau.»
Sabem assim de lugares onde o cheiro é pasto da alma?
Grande Craveirinha! Homem dono de pequenas histórias que possuem aquele beat que diz segura-me, me aguenta só!
…………………………………………oh!..................................................................!..........................................!
E a tarde que acaba mesmo na ponta da página, o carro que me leva e as saudades que ficam de deixar para trás os outros que não li!
Porque te tomei de um lado ao outro Hamina do José, numa mesa metálica sem conforto, sentindo-me qual teu Sonto um velho de seis anos, vai ali fadar ao Craveirinha que da sua água nenhuma sede se emborca.
Como se pode amar tantas letras? Com quanto peito se consegue segurar a felicidade de demasiadas pequenas coisas presas num só agora? Quantos metros de coração serão precisos para que a pessoa depois fique sã?

VOG

Leques prontos para falar!

Como já devem ter reparado, agora neste blog já é possível termos pequenas conversas (virtuais) através de uma funcionalidade que eu adicionei (e que aproveitei adicionei no meu blog). A nossa shoutbox serve para pequenos diálogos ou para deixar recados rápidos. Estejam sempre atentos a ela e escrevam lá à vontade!
Entretanto, neste momento somos 13 membros neste blog (eternamente à espera que a nossa laurita se transforme no 14º membro). A novidade é que temos duas pessoas (a Marta Dineia e a Luísa Lalanda Sanches) nos Leques que foram nossas colegas no 1º LEC.
E agora chega, vamos mas é agitar!

PS: se desejarem, também posso adicionar o vosso blog nas ligações agitadas; é só dizerem (eu e o Alfredo já temos lá os nossos blogs).

domingo, 26 de agosto de 2007

O Rapaz de Cotão

O Rapaz de Cotão – (1ª parte)


Nasceu numa noite sombria,
Numa Primavera desgraçada.
Saltou da mãe para a laje fria
Assim o sino deu a décima toada.

Em frente e de olhar assombrado
A mãe olhava-o com desdém.
O seu filho nascido amaldiçoado,
Era incapaz de que querer bem.

O pai não gostou da brincadeira
E chamou enervado os três doutores
“Consertem depressa esta asneira!
Aquilo não é o meu filho meus senhores!”

E lá estava diante da cama
Alheio ao estertor e à confusão,
Desconhecendo o motivo do drama,
Inocente e pasmado, o Rapaz de Cotão.

Acabaram as férias...

E contrariamente à grande maioria de pessoas "normais", eu estou feliz. Não atino com muito tempo livre, porque fico sempre sem saber o que fazer e a sentir-me um bocado inútil. Férias que vão além de 10 dias são, para mim, uma espécie de martírio. Estranho, mas a verdade é que sou assim desde a escola primária, sempre odiei as férias longas e intermináveis e o deixar aquela azáfama rotineira de amigos e jogos e lições... Gosto de aprender e aprendo mais e melhor com stress. Cada um com a sua mania.
Por isso, fartei-me de trabalhar nas férias e li os livros que se seguem:
- 'Night Mother, de Marsha Norman. É uma peça de teatro e fizeram um filme que, felizmente, tive oportunidade de ver no canal Hollywood, com interpretações espantosas de Sissy Spacek e Anne Bancroft.
- Twelve Angry Men, de Reginald Rose, sobre o sistema legal americano. Também há filme, mas ainda não vi.
- The Collector, de John Fowles, soberbo. História de um psicopata, dá-nos a versão dos acontecimentos do ponto de vista do carrasco e da vítima. Muito bom. Adoro o escritor!
- Harry Potter and the Deathly Hallows, óptimo para quem, como eu, gosta do género. Como todos os livros da saga, muito bem escrito.
- Shalimar, o Palhaço, de Salman Rushdie. Ainda não terminei, vou a meio mas estou a gostar imenso.
Quando terminar este livro quero ver se leio mais Mário Claudio e quero conhecer João Tordo, de quem ainda não li nada mas que me aconselharam.
Ah, e voltarei brevemente para "agitar", claro.
Até breve (porque "até já" paga direitos...) :)
Paula

sábado, 25 de agosto de 2007

OS MAIAS

Em Março deste ano, numa sessão da Comunidade de Leitores Almedina, dizia o escritor Miguel Real (autor de “A Voz da Terra” e “O Último Negreiro”) que Eça de Queirós era para ser lido durante toda a vida. Pela minha parte, reli há pouco tempo “O Mandarim”, novela de cariz fantasista, integrando embora uma crítica social e princípios de moralidade, que marca, com a sua publicação em 1880, a rotura queirosiana com o romance naturalista (“O Crime do Padre Amaro” e “O Primo Bazilio”). Agora, neste Agosto de temperaturas amenas e plácidos encontros com as chuvas estivais, meti-me a revisitar “Os Maias”. Ainda nem cheguei a metade, acabo de fechar a página 251*, final do capítulo VIII, aquele em que Carlos da Maia vai a Sintra, atrás de um rabo de saia, na companhia do maestro Cruges, lá encontrando o sorumbático Eusebiozinho rodeado de espanholas, e o poeta Alencar que fazia uma cura de ares. Neste Alencar parece desenhar-se, embora Eça o tenha negado com veemente ironia, uma caricatura do escritor ultra-romântico Bulhão Pato. O romance é um fresco das contendas literárias da época e dos intricados jogos sociais das classes dominantes. Durante o tempo histórico da Regeneração que a partir de 1851 ficaria marcado pelas obras públicas de Fontes Pereira de Melo, construiu-se uma rede de estradas macadamizadas, lançou-se o caminho-de-ferro e o telégrafo, mas o povo, essa besta de carga que Rafael Bordalo Pinheiro monumentalizaria, não logrou sair do coma profundo do analfabetismo e da miséria em que há séculos vivia mergulhado. O diletantismo da melhor sociedade de Lisboa, desde logo marcado no protagonista Carlos da Maia e no seu amigo João da Ega, prenunciam a acelerada decadência da pátria e os momentos trágicos que as décadas seguintes lhe reservariam: o Ultimato Inglês, a ditadura de João Franco, o Regicídio, a frustrante experiência do republicanismo. Perante a tragédia quase grega da família dos Maias, o que passa em pano de fundo neste romance é essa deriva da pátria e das suas elites, uma caterva de condes e condessas, pares do Reino, negociantes do grande trato comercial e argentários, cultuando Paris e a francesia, acotovelando-se nos estreitos espaços do Chiado e do Aterro, luxando no Hotel Central e no Bragança, nas frisas do S. Carlos e no Café Marrare, em vivências de futilidade e conformismo. Um fulgor baço que não augurava nada de bom.

* Edição “Livros do Brasil”, Lisboa.

1,2,3... Testing

Por "culpa" do Bruno, aterrei por aqui nos "Leques".
Agora é só instalar-me e começar a escrever.
:)

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A hora do recreio

Em breve haverá mais histórias para os mais pequenos, no meu blog.
;)

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

o poder impossível

Nesta nossa era tecnológica não é com a lanterna que se procura o Humano. Eu uso sobretudo a Net para isso.

Uma coisa que me está a chamar a atenção é que de vez enquando encontro uma senhora casada à procura de aventura extramatrimonial; e normalmente essa senhora tem um casamento onde impera o poder do marido; que normalmente tem uma profissão ligada ao exercício da Autoridade.

A pouco e pouco comecei a perceber: ela não está a trair o marido; o marido submeteu-a unilateralmente à sua autoridade. Ela obedece, não fez um acordo. O casamento não é uma sociedade de iguais, é uma firma uninominal. Ela é, na realidade... escrava!

Então, a aventura fora do casamento torna-se indispensável à sua autoestima. E, como qualquer transgressão a uma autoridade imposta, é algo muito excitante.

Outra caracteristica comum a estas mulheres é que não têm orgasmo com o marido. Mas isto não tem causas fisiológicas - é a protesto delas pela sua condição.

Isto não é um comportamento "feminino". Sempre que o poder é imposto unilateralmente, os submetidos só "obedecem" se não encontrarem forma de o torpedearem.

Em Portugal, as pessoas fugiam muito aos impostos porque este era uma imposição de um Estado que cobrava e não dava satisfações (ainda vai sendo assim...).

Oitenta espanhóis conquistaram o poderoso império Inca de mais de 6 milhões de pessoas. Como foi isso possível??? Nem nos mais alucinantes filmes de ficção se viu jamais tal coisa!!! A explicação: toda aquela gente estava submetida pela pequena tribo dos Incas, os espanhóis só tiveram de tratar da saúde a uma dúzia de Incas; os submetidos devem ter dado graças por os espanhóis os terem livrado do jugo Inca.

O 25 de Abril em Portugal é um pouco a mesma história - um desorganizado grupo de militares numa tosca operação militar foi quanto bastou para cair o Poder não aceite.

Os EUA foram para o Iraque convencidos que isso iria acontecer, que se tratava de um povo submetido a um ditador; não perceberam que esse ditador era o garante da paz naquela sociedade tripartida - tirar o Saddam do poder exigiria a imediata divisão do Iraque em 3 países. Ainda não perceberam isso.

Conclusão: ainda bem que as mulheres casadas com homens que as submetem os enganam! É graças a essa caracteristica do Humano que o Poder de uns sobre os outros se torna, a prazo, impossível.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Dispersos Escrevedores

Tomei a liberdade de roubar o nome (agora pluralizado) do blog do Manuel Nunes para vos apresentar alguns dispersos escrevedores bloguistas. Os dois primeiros são dois jovens muito jovens. Ambos têm 17 anos mas mostram uma maturidade escrevinhadora acima do normal. Reparem então no blog do Pedro Jorge, The Theory of Everything. A sua escrita é intensa, pirotécnica e densa, olhando para a realidade com olhos de camaleão em modo multi-perspectiva. Não é fácil de ler e há pormenores a limar mas está ali o assomo de escritor (num rapaz que, afinal, declara a matemática como o seu grande amor). O outro blog é o da Patrícia Lino, no canto esquerdo do peito.. A Patrícia tem a mesma idade do Pedro mas apresenta uma escrita muito diferente, mais poética e centrada em si mas com um fantástico jeito para nos enrolar e levar em palavras e frases cheias de múltiplos e belos sentidos. O que mais impressiona é que a Patrícia já tem um livro publicado. E faz todo o sentido pois escreve de uma forma muito absorvente, fluida e cativante. Para além disso, a jovem tem outros talentos: desenha muito bem e tira umas óptimas fotos a preto e branco.
Continuando nos nossos dispersos escrevedores, agora viro-me para a prata desta nossa casa em forma de leques espraiados. Começo pelo blog do Alfredo, que aqui todos certamente conhecem. É uma outramargem plena de marés de conhecimento e sóis e inteligência e atómos e sinapses a desbravarem novas ligações por todo o lado. Por vezes sinto-me um tótó total ao ler as suas explicações simples sobre física e metafísica mas no final só tenho de lhe agradecer pela forma clara e objectiva com que nos tenta iluminar (é essa a palavra).
Com o risco de soar a auto-promoção, e antes de passarmos a outro prato forte da casa, sugiro também a leitura do meu blog onde neste momento um lobo e um casal peculiar expõem as suas fragilidades.
Chegamos então ao último blog recomendado: o blog do Manuel Nunes, Disperso Escrevedor. A escrita do Manuel é um caso sério de elegância que tricota personagens e situações de uma forma bastante apelativa e intrincada, fruto de uma boa observação e de uma redacção ainda melhor. É para ler, sempre.
Fico a aguardar os vossos posts e que, com este meu espicaçar, as vossas escritas se estendam até onde vocês quiserem. O infinito é o limite. Mas até pode não ser o limite mas quanto a isso eu não poderei dizer nada. Possivelmente o Alfredo vos poderá dar-vos umas luzes mais claras sobre o assunto dos infinitos e ainda mais além.
;)

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Blog: ponto de situação

Apesar de saber que estamos em pleno verano (e ainda bem), cabe-me informá-los que há 12 pessoas no nosso blog, aguardando-se para breve a entrada da 13ª pessoa (nop, não é nenhum azar!), devendo, para já, os leques ficarem esgotados.
Aproveito também esta oportunidade para me indicarem um link vosso que queiram ver inserido no novo item Ligações Agitadas. Eu sugiro o vosso blog pessoal (caso o tenham) ou então outra ligação à vossa escolha.
Obviamente, qualquer sugestão que queiram lançar para os Leques estes estarão sempre muito atentos a elas.
Muito obrigado e continuação de bom verão.

As minhas músicas

Devo confessar que durante boa parte da minha vida a música teve uma importância maior ou igual que a leitura. Desde muito cedo lembro-me pelo meu fascínio pela então música ye-ye (nunca gostei deste nome como catalogação de alguma música dita pop), reminiscências dos meus tempos de criança em Angola, onde uma banda de soldados se entretia a fazer covers das bandas que estavam a dar na altura (pelo menos tenho essa vaga ideia). Acho que por isso nunca fui muito fan da chamada música infantil apesar de que me lembro bem do fraquinho que tive por um agrupamento espanhol que dava pelo nome de A Pandilha. O seu grande êxito salvo erro chamava-se Atxilipu (eu bem googlei mas não descobri nada sobre a música ou sobre o certamente efémero grupo). E, de repente lembrei-me da música Popcorn, um dos ícones da minha pré-adolescência e que tomou conta de todas as rádios do país (que na altura eram poucas)! Quem se lembra? Escutem-na aqui, numa versão encontrada no youtube (wherelse?). Ok, continuarei em breve a falar mais sobre as minhas músicas. E as vossas, quais são?

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

OS LIVROS DAS FÉRIAS

PAUL AUSTER, “Leviathan”, romance, Edições ASA, 272 páginas, 1ª edição: Outubro de 2003

Leviathan é o nome de um monstro bíblico simbolizador do mal e o título de um célebre tratado do filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679) sobre a origem do Estado e os fundamentos teóricos do poder político.
O romance tem como epígrafe uma frase do ensaísta norte-americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882): “Todos os Estados existentes são corruptos”.
O monstro da corrupção e da degenerescência social e política pode medrar numa democracia “perfeita” como a dos Estados Unidos.
Estamos na era Reagan, e um “clima de americanismo fanático e imbecilóide” perturba profundamente um homem que na juventude se havia negado a combater na guerra do Vietname, tendo cumprido, por esse crime, uma pena de prisão de dezassete meses. Esse homem chama-se Benjamin Sachs, é escritor, e publicou um grande livro – “The New Colossus” – uma miscelânea de ficção e historiografia onde entram personagens históricas, como Walt Whitman ou Sitting Bull, e outras provindas directamente de grandes ficções literárias, como Raskolnikov, protagonista do romance “Crime e Castigo” de Dostoiewsky. Alguns críticos viram em “The New Colossus” um escrito clamorosamente antiamericano.
A partir de uma sucessão de experiências traumáticas, Benjamin Sachs abraça o projecto de mostrar à sociedade do seu país os perigos que cercam a democracia, e tal desígnio leva-o a uma morte violenta.
A biografia de Benjamin Sachs é-nos apresentada pelo seu amigo Peter Aaron, escrita numa corrida contra o tempo, enquanto o FBI procedia a minuciosas investigações sobre as circunstâncias da sua morte.
Neste romance de Paul Auster viajamos pela consciência profunda de uma América inquieta, onde se divisam os fantasmas da liberdade, a complexa malha das relações interpessoais, a fidelidade e a duplicidade nos jogos do amor, o desespero e a esperança.
Não adianta dizer mais, o melhor, mesmo, é ler.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Filmes das férias

Aproveitei o facto de estar de férias para tirar a barriguinha da miséria de todos os prazeres que me estão condicionados quando o trabalho aperta..

.. acordar sem despertador, ler o que me apetece, passear e conhecer coisas novas (já agora, vale a pena visitar a colecção Berardo no CCB), caminhar à beira mar, estender-me ao sol, ir com o vento e com as marés. Tirar fotografias, beber copos com os amigos e perder-me em conversas sem olhar o relógio.

Aproveitei também para me actualizar em termos cinematográficos e recuperar um pequeno vício.

Ora vejam.. o que eu andei a ver:

Body Rice de Hugo Vieira da Silva (em reposição única no Nimas), que retrata a experiência de alguns adolescentes alemães enviados para o sul de Portugal (em meados de 80), ao abrigo de projectos experimentais de reeducação social.

Torre Bela de Thomas Harlan, sobre a ocupação da Herdade da Torre Bela (Ribatejo) a 23 de Abril de 1975 – 1 ano após a revolução dos cravos.

Trata-se de um registo extraordinário, que reúne imagens captadas por câmaras que acompanharam o processo de revolta de um conjunto de ex-trabalhadores agrícolas (desempregados e sem recursos) que acabaram por invadir e ocupar a herdade do Duque de Lafões. Os discursos de revolta, a organização do movimento, a formação da cooperativa, as discussões entre a população e as negociações constantes entre os seus representantes e o MFA, a confusão das vozes, as roupas, os penteados, a própria linguagem de personagens reais, humildes e pobres, a nossa “Grândola, Vila Morena” que fervilhou na minha pele e encaracolou-me os pêlos, fazendo-me perceber ainda melhor o sentido da sua força.. todas essas imagens e esses sons fizeram-me recuar no tempo. Tempo que, afinal, só conheço pelas histórias contadas.

Death Proof de Quentin Tarantino, que recorda os filmes de terror dos anos 70 e reúne mulheres jovens e bonitas, carros, alta velocidade, acção, terror, sangue.. e um duplo de cinema com uma forma muito particular de satisfazer o seu desejo carnal.

Confesso que, a meio do filme, não me passou pela cabeça recomendá-lo a quem quer que fosse. Toda a violência, que começou a surgir a partir de determinado momento, desencadeou (em mim e, pelo que percebi mais tarde, na maioria dos espectadores) uma sensação incómoda de revolta e ansiedade. No entanto, ao chegar a um certo estado avançado de instabilidade e transtorno – prevendo já o novo culminar de uma situação de muito sangue jorrado de fragmentos corpóreos despedaçados pela violência de um psicopata assassino – a história acabou por trocar-me(-nos) as voltas, dando lugar a um humor sarcástico que resultou em aplausos finais numa sala de cinema do Oeiras Parque, vejam só!

The Simpsons: the movie de David Silverman.

Não precisa de apresentações!

Já era fã da série televisiva, embora não tivesse grandes expectativas relativamente ao filme. Fui ver para me rir. E ri, muuuito!!! As personagens, no grande ecrã, ganharam vida nova e a particularidade disfuncional desta família tornou-se ainda mais evidente, conduzindo a um humor mais apurado, com direito a gargalhadas sinfónicas partilhadas por toda a sala.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

OS LIVROS DAS FÉRIAS: JÁ VÃO DOIS

ANTÓNIO MANUEL VENDA, “O que Entra nos Livros”, 200 páginas, Ambar, 1ª edição: Abril de 2007

Imaginem um romance em que o autor empírico é o narrador, um escritor que mora num monte ali para os lados de Montemor-o-Novo, e que, por imperativos profissionais, passa o tempo a percorrer o país do seu local de residência para a sua terra de origem – Monchique, onde é autarca – e para outros sítios, como Lisboa e Santarém. A história anda à volta dos livros e de uma personagem muito especial de uma das suas obras (“O Medo Longe de Ti”), personagem essa que, por um insondável mistério, salta de romance para romance e deixa um pobre livreiro de Évora – o Sr. Sapinho Júnior – no limiar de uma grave crise de nervos. Depois há uns escritores de papelão – uns respeitáveis, outros nem por isso – que atravancam a livraria do tal senhor de Évora. Um desses escritores, por sinal uma escritora, talvez a menos respeitável de todos, é vandalizada por via de um inestético bigode que alguém desenha no seu perfeito rosto. E fala-se de Gabriel Garcia Márquez, Lídia Jorge, Camilo José Cela, Dinis Machado, Mario Vargas Llosa, José Cardoso Pires, Ondjaki, e tantos outros. Um produtivo diálogo com a Literatura e com a magia dos livros. Não deve ser por acaso que a tal personagem que está sempre a mudar de romance, chama-se justamente “o mágico velhinho”. Grande livro, meus senhores!
( Blogue de António Manuel Venda : www.floresta-do-sul.blogspot.com ).


PAUL AUSTER, “A Noite do Oráculo”, 208 páginas, Edições ASA, 1ª edição: Novembro de 2004

Calculem que um escritor americano ainda jovem, de nome Sidney Orr, descobre numa modesta papelaria de Brooklyn – aliás com um pomposo nome: PAPER PALACE – um enigmático caderno azul de fabrico português com o qual consegue ultrapassar um arreliador período de improdutividade literária. O efeito favorável do caderno português acaba por se esgotar, mas isso é outra história. (Parece que já houve quem andasse à procura destes espantosos cadernos nas papelarias de Lisboa – artigo de Enric Juliana, “La Vanguardia”, Barcelona – tendo até deixado escrito, para que conste, o local onde os mesmos podem ser encontrados: uma certa loja do Largo do Calhariz, ali ao Bairro Alto). A narrativa desenvolve-se em dois níveis: há uma história dentro da história. Segue-se por um caminho em que nada parece ser o que é. Por entre estranhas premonições e singulares comportamentos das personagens, o leitor vai abrindo a boca de espanto ao longo das cerca de duzentas páginas do romance. No final, é o espanto completo.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Ponto de situação

Neste momento há 11 lequianos que já aceitaram o convite para serem participantes activos deste blog e há apenas 2 ainda não o fizeram. A grande novidade é que fui contactado pela Marta Dineia (do LEC1) para entrar neste blog, ao que obviamente acedi. Agora é só esperar pelas colaborações de todos (e esperar também que mais lequianos se juntem a nós). Enquanto isso não acontece, gozem o verão.
;-)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Automóveis de ontem

A propósito deste meu post no meu blog, encontrei este delicioso link. Vale a pena ver, nem que seja para descobrir as diferenças de design entre os carros dos anos 60/70 e os de hoje. Vrrrumm, vrrrumm!

Bate Coração

E porque são mesmo agitados estes Leques, espraiando-se em criatividades, descubram aqui que o Sol tem um Coração e o que Raposas e Coelhos têm a ver com isso!

sábado, 4 de agosto de 2007

Today is not a good day

chove na minha alma
fico à porta olhando o tempo
nevoar

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Apenas para soprar

Ali pelos lados do cabo da roca, há um mar do mais bonito que existe que é um abismo profundo de azul, e bem no meio repousa um enorme penedo onde as ondas descançam. Não são muitas as vezes em que penso no nome de oceano. O mar é mais pequeno, mais divertido, mais algo com que peitamos. O oceano não. O Oceano...desintegra-te.
Sabem como se move o oceano ali pelos lados do cabo da roca?
Como lava.
Chama-te como o diabo: Salta, salta...
Se eu não soubesse que se morre, e em mim não morasse o susto, aquele jingar me convencia. Eu saltava crente que poderia ser um peixe voador.

Mas valeu deixar cair a mente lá em baixo. Está fresca e desnorteada, sem nomes, sem conceitos, sem pedantismos, sem noção de centro, sem cadastro. Um dia desses quando der, vamos lá busca-lo. Eu trago-me e voces abandonam-se. Que tal?

Boas brisas.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Música de férias

Ao contrário de férias passadas, este ano não levei atrás nem uma selecção de cd's, nem a aparelhagem móvel (vulgo garrafão electrónico). Mesmo assim não foram umas vacanças sem sons. Aliás, ouvi uns bem jeitosos, tocados pela banda da foto (os desconhecidos Tugadixie). Vi-os ao ar livre, no largo da acolhedora Biblioteca de Chaves, numa gelada noite de Julho. Os Tugadixie são 6 rapazes da zona do grande Porto e que se divertem (e nos divertem) a tocar um pouco de tudo no característico som das bandas de estilo jazz dixieland. De James Brown a Marco Paulo, de Jorge Palma e George Michael, passando pelos YMCA ou até por Henry Mancini, são um grupo muito louco e gozado, onde impera o bom humor e a interacção com o público. Não os percam! O problema é que esses tugas para além de serem desconhecidos também não se dão a conhecer pois não têm nem site nem contacto visível (eu pesquisei no Google). E, continuando no ritmo, quem vai de férias que ouça frescas e deliciosas batidas. O Verão pede isso.

Uma longa história

Encontro de 2009

Encontro de 2008

Encontro de 2007

terça-feira, 31 de julho de 2007

Livro de férias

Nas minhas frias férias por terras do Norte de Portugal, roubei 1 livro à minha mesa de cabeceira e levei-o comigo. Já o tinha comprado há mais de um ano mas ainda não tinha tido disponibilidade para o ler. O livro chama-se A Sombra do Vento, do catalão Carlos Ruiz Záfon (editado em Portugal pela D. Quixote). Gostei do livro, de todo seu intricado suspense mas aqui e ali fui acometido por uma espécie de desconforto que não consigo explicar bem. A minha mãe disse-me que o tal livro é um drama de faca e alguidar (e até certo ponto é) mas mesmo assim gostei dele, apesar do tal estranho desconforto.
Regressei de férias e os meus livros continuam a empilhar-se na minha mesa de cabeceira. Está lá 1 novinho em folha. É o Em Busca do Carneiro Selvagem, do japonês Haruki Murakami (editado pela Casa das Letras). Em breve começarei a lê-lo (entremeado com outros livros, com o meu blog e com o meu Agosto desempregado). Depois darei a minha opinião.
Até ao próximo agito!

sábado, 28 de julho de 2007

Bem-vindos!

O blog está a testar formatos, cores e tipos de letra, para que depois todos os Leques possam agitar-se e dizerem de sua justiça. Mas, desde já, boas vindas a todos!