segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Filmes das férias

Aproveitei o facto de estar de férias para tirar a barriguinha da miséria de todos os prazeres que me estão condicionados quando o trabalho aperta..

.. acordar sem despertador, ler o que me apetece, passear e conhecer coisas novas (já agora, vale a pena visitar a colecção Berardo no CCB), caminhar à beira mar, estender-me ao sol, ir com o vento e com as marés. Tirar fotografias, beber copos com os amigos e perder-me em conversas sem olhar o relógio.

Aproveitei também para me actualizar em termos cinematográficos e recuperar um pequeno vício.

Ora vejam.. o que eu andei a ver:

Body Rice de Hugo Vieira da Silva (em reposição única no Nimas), que retrata a experiência de alguns adolescentes alemães enviados para o sul de Portugal (em meados de 80), ao abrigo de projectos experimentais de reeducação social.

Torre Bela de Thomas Harlan, sobre a ocupação da Herdade da Torre Bela (Ribatejo) a 23 de Abril de 1975 – 1 ano após a revolução dos cravos.

Trata-se de um registo extraordinário, que reúne imagens captadas por câmaras que acompanharam o processo de revolta de um conjunto de ex-trabalhadores agrícolas (desempregados e sem recursos) que acabaram por invadir e ocupar a herdade do Duque de Lafões. Os discursos de revolta, a organização do movimento, a formação da cooperativa, as discussões entre a população e as negociações constantes entre os seus representantes e o MFA, a confusão das vozes, as roupas, os penteados, a própria linguagem de personagens reais, humildes e pobres, a nossa “Grândola, Vila Morena” que fervilhou na minha pele e encaracolou-me os pêlos, fazendo-me perceber ainda melhor o sentido da sua força.. todas essas imagens e esses sons fizeram-me recuar no tempo. Tempo que, afinal, só conheço pelas histórias contadas.

Death Proof de Quentin Tarantino, que recorda os filmes de terror dos anos 70 e reúne mulheres jovens e bonitas, carros, alta velocidade, acção, terror, sangue.. e um duplo de cinema com uma forma muito particular de satisfazer o seu desejo carnal.

Confesso que, a meio do filme, não me passou pela cabeça recomendá-lo a quem quer que fosse. Toda a violência, que começou a surgir a partir de determinado momento, desencadeou (em mim e, pelo que percebi mais tarde, na maioria dos espectadores) uma sensação incómoda de revolta e ansiedade. No entanto, ao chegar a um certo estado avançado de instabilidade e transtorno – prevendo já o novo culminar de uma situação de muito sangue jorrado de fragmentos corpóreos despedaçados pela violência de um psicopata assassino – a história acabou por trocar-me(-nos) as voltas, dando lugar a um humor sarcástico que resultou em aplausos finais numa sala de cinema do Oeiras Parque, vejam só!

The Simpsons: the movie de David Silverman.

Não precisa de apresentações!

Já era fã da série televisiva, embora não tivesse grandes expectativas relativamente ao filme. Fui ver para me rir. E ri, muuuito!!! As personagens, no grande ecrã, ganharam vida nova e a particularidade disfuncional desta família tornou-se ainda mais evidente, conduzindo a um humor mais apurado, com direito a gargalhadas sinfónicas partilhadas por toda a sala.

1 comentário:

bruno cunha disse...

Ao ler o teu post fiquei com problemas de consciência pois há há um bom par de meses que não vou ao cinema.
Mas as tuas sujestões foram óptimas! Os Simpsons tenho de ir sem reservas (sou fã da série); já o Tarantino estou um pouco de pé atrás por causa do banho de violência mas se tem um final arremelgado é de ir (adoro finais inusitados).
O Body Rice vi anunciado e o Torre Bela é um fantástico documentário, tendo já visto uma grande parte dele, salvo erro numa exposição comemorativa do 25 de Abril, algures em Lisboa.
Ok, Carla, continuação de boas férias e que continues a mergulhar em boas películas!
;)