domingo, 30 de setembro de 2007

Engolindo JAZZZZZZZZ...............

Por vezes os acontecimentos possuem a felicidade de simplesmente acontecerem.
A semana passada, ou foi antes disso? Não sei, e nem faz mal nenhum a falha de memoire do tempo. Aconteceu eu engolir de uma assentada o grande som do Quarteto André Fernandes e a magnifica gestão de silêncios do Steve Wilson Quartet.
Os dois quartetos, tiveream o condão de deixar que me acontecessem coisas de drummerworld, Alexandre Frazão tem baterias que as baterias desconhecem, e Adam "Magic" Cruz, é EXTRAORINÁRIO no mesmo intrumento.
O Grandioso senhor CRUZ eleva à catergoria de asa uma pessoa alma.
Há CRISTO acreditem. Há DIVINO nesse mundo agora mesmo

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

My Heart is full of water

Há dias assim
Leves
:-)

Assina: Flor de jardim

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Inspiração

Vejam este texto da Sophia de Mello Breyner Andresen

(post de 25 de Setembro)

Esta capacidade que ela refere treina-se. Temos de procurar as situações em que melhor ela funciona e temos de nos treinar a escutar, a deixar as ideias fluirem sem intervir com o consciente. É uma atitude que temos de cultivar e que é muito diferente da atitude de procurar conseguir obter resultados usando o raciocínio.

Boas inspirações.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Os leques cresceram

(foto da Kátia Bandeira de Mello Gerlachk com o seu pequeno Matias)

Já havia nove meses que a nossa Kátia nos prometia... Um dia teremos um mini leque... aqui está a prova de que cumpriu a promessa bem cumprida!

Lá pelos States há agora um pequeno leque a gritar a plenos pulmões, a agitar os seus ventos pelas vidas que o rodeiam... e também as nossas que daqui de longe o vamos bafejando com os nossos pós inspirados e lhe vamos mandando umas energias mesmo boas!!!
Talvez a borboleta, ao passar pelo hemisfério norte o vá visitar e nos traga um pouquinho só da sua presença...

Beijos bela Kátia...

domingo, 23 de setembro de 2007

A minha vida (presente)

Perdoem-me. Este é um post com um cariz mais pessoal. Para começar tem algo raro meu: uma foto da minha fronha! Depois tem uma confissão, que se segue agora: como sabem, regressei às lides da publicidade. E, talvez não saibam, em publicidade não há horas para nada. Trabalho tipo 9 a 10 horas por dia e quando chego à noite já não tenho cabeça para escrever nem mais uma linha. Mas fiquem descansados pois a minha produção escrita não se finará, apenas será mais espaçada. Assim, estou a apenas 1 post de finalizar a história infantil no meu blog. Seguidamente tenho a história do meu lobo solitário para terminar. Para esse conto faltarão um ou dois posts, no máximo. Não tenho o final escrito mas está desenhado na minha cabeça. Depois disso terei de arranjar mais motivos para escrever e assim de repente não tenho mais nenhum mas acho que, depois deste turbilhão inicial no meu novo trabalho, acho que é chegado o tempo de eu pensar num projecto de escrita com princípio, meio e fim, eventualmente a pensar num hipotético livro. Não quero ser nem presumido, nem taxativo, mas acho que tenho de pensar nisso mais a sério.
Quanto a vocês, tenho-os visto por aqui e pelos vossos blogs e fico contente por não perdermos o rasto um dos outros. Lembro que quem quiser colocar o link de um blog ou site pessoal é só dizer que ficará tratado num instante. Com um blog cada vez mais interactivo, mais agitação poderemos provocar. Só depende de nós.
Beijos para as senhoras, abraços para os senhores.
Com saudades,
Francisco Bruno

domingo, 16 de setembro de 2007

Regresso ao trabalho

Leques, olá a todos.
Ao contrário do habitual, este post tem um cariz mais pessoal. Caso não saibam, eu voltei às lides da publicidade há já uma semana. Estive desempregado 6 meses e eis-me de volta ao turbilhão de trabalho e mais trabalho, tipo 9 horas diárias para cima, perspectivas de noitadas e fins de semana a bulir (sem ganhar mais por isso). Confesso que é algo que não me provoca sorrisos mas enquanto não souber fazer outra coisa que dê algum dinheiro não tenho outro remédio.
Infelizmente, com o meu regresso ao trabalho terei menos tempo para o meu blog e também para este (mas estou muito contente pois os leques agitados já têm a sua autonomia mais que estabelecida).
Assim, eu não me esqueci de vocês, descansem. Estarei por aqui e pelo meu blog mas eventualmente menos interventivo. Os meus projectos de escrita continuarão e agora que também já sou formador possivelmente outras oportunidades se poderão abrir para mim (se a publicidade deixar, lá está).
Até breve, eu aparecerei por aqui, nem que seja para vos ler!

Tenho lido e escrito imenso

Tenho lido e escrito imenso, ler leio o excelentissimo Luis Carmelo, ando a conversar com a cintura da menina de Deus, ou do menino de Deus, que deus gosta de pegar as gentes pela coxa.
(nem me fica bem dizer isso mas são influências de outros passaros)

Ando a gostar estranhamente de palavras que eu rejeitava, palavras como bonito. Bonito é uma palavra deliciosa. Palavras como querida que eu achava absolutamente enjoativo. Palavras como regurgitar...que é quase que um gorgolejo.

Mas há uma que é como se fosse minha mãe, e é a palavra coisa.
Nada subtitui com veracidade o significado sonoro de coisa. Coisa é tanto abstracto quanto exacto, não tem certezas. E serve para um sem fim de nomes e finalidades. Por isso é uma palavra mesmo minha mãe.

Estou por esses dias com a cabeça no colo.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A natureza...

...Canta para mim..
Dia 12 de Setembro de 2007... O dia nasceu negro, a noite fora tempestuosa, trovoada de arrepiar e uns relâmpagos lindos, azuis, com voz imponente lançavam-se à terra, carpindo as mágoas de um Verão que se despede...
Como sempre apreciei o som da tempestade. Nascida em África, penso que o trovão e o flash do relâmpago façam parte da minha carne e do meu sangue... não sei, talvez façam...
Eu sei é que nessa noite a natureza cantou para mim, uma autêntica ópera das Valquirias, com o mundo a desabar sobre a minha cabeça!
O dia amanheceu ainda assim negro. Costuma dizer-se que depois da tempestade... a bonança... mas desta vez parecia que a tempestade tinha apenas feito um intermezzo para continuar mais tarde.
O dia era o último de férias para os meus pequenotes e resolvemos tirar a tarde para um passeio à beira mar. Almoço e café na Marina de Vilamoura, zona in e out quando estamos em pleno Verão, mas agora bem simpática para um respirar tranquilo e um adeus à dolce vita...
O negro resplandecia no céu e parecia que nos ia cair em cima a todo o momento. O movimento das nuvens nem chegava a ser visivel, tão compacta era a massa negra acima das cabeças.
Sentámo-nos na esplanada da Häagen Dasz para um cafezinho e gelados e durante as brincadeiras dos miudos resolvi dar uso à net móvel no meu Sony Ericsson...
Tinha deixado o Michael Bublé cantar por mim o que sinto pelo pessoal do Lec e a Nessa, como é incapaz de resistir a um bom desafio, respondeu à letra. Li e acatei o conselho de sair e procurar a minha luz e no preciso instante em que olhei o céu lá estava ele... Sua excelência o Sol rainha, espreguiçando os raios mais afoitos por entre aquela escuridão ameaçadora.
O arrepio foi instantâneo - recebi o teu sorriso Nessa... obrigada minha querida.
Sorri de volta aos raios de sol e mandei-os levar-to para que soubesses que te tinha ouvido.
A Natureza cantou para mim, mesmo sem os trovões, sem os pingos grossos da chuva no telhado, sem os pássaros ou as borboletas. Aqueles raios por entre as nuvens tinham som de cristal e de riso amigo!
Não me vou... fico... não sei até quando...

Olá pessoal - aceitam um desafio?

O desafio está lá no meu blog - incorrigivel-ratodebiblioteca.blogspot.com.
Façam-me uma visita, comentem os posts, Ah! e não se esqueçam... respondam ao desafio!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

RATOS DE BIBLIOTECA

O que tenho para contar nada tem a ver com bibliotecas mas como é ditado de pé num computador da biblioteca de Oeiras, vale a pena entitular a coisa de rato de biblioteca...esses espécimes metidos de nariz nos livros.

Ontem aconteceu-me uma coisa que eu queria oferecer à Patricia, porque ela parece-me querer partir de muitos lugares.

Eu e o senhor marido metemo-nos no carro com o puto e andamos por aí sem destino apenas ouvindo uma antiga cassete de fabuloso Jazz. Aquele Jazz do caraças, estão a ver? Aquela cassete é uma reliquia porque nos leva de volta ao mesmo amigo, o Mito. Um pintor caboverdiano magnifico que é primo do senhor marido e meu amigo de infância. Foi ele o responsável por termos Jazz no coração. Quando eu era menina ele arranjava umas cenas a que chamava de "balisinhas de Jazz", eu e a minha melhor amiga Isa (mana dele) estavamos convidadas a entrar no fabuloso mundo de arte do seu quarto para dançar Jazz.
Há lugares de felicidades delicadas que até para contar perdem o nome. Querem se esconder e guardar.
Ao Ricardo ele gravava milhares de cassetes com tudo do bom da música, e ensinava a papar programas de TV que fatidicamente finaram com o tempo.

Ontem, eu e o Ricardo, mais o puto pequeno, passeámos ao som do Mito. Corremos a marginal de ponta a ponta e depois de tal forma relaxados e frescos de espirito, estacionamos a viatura no paque da praia da torre.

Meus amigos, a natureza deu música! Dentro do carro, Mauro no sono, flashes de relampagos exuberantes iluminavam o céu nocturno, dando música, trovoadas faziam de contra-alto, e a chuva que inicialmente batia de fininho nas janelas, caiu em cascata por sobre o capot...o som era...extraordinário.

Ficamos ali uma hora até a natureza dizer bye bye temos sono.

Um pessoa viaja todos os dias nas coisas simples do mundo. Basta se abrir.

Pequena Patricia, se estás de desanimo, acorda para ti e vai lá fora que tudo se resolve num momento. Ou então, sonha, veste uma camiosola de caxemira um par de manolo blahnik e sai porta fora nua.

Um abraço a todos
um beijo nas asas da butterfly
Um abraço no cvoração da Pat

V.

I've Got You Under My Skin

Pois é pessoal!
there's no other way to say this... only with music...
Era uma vez uma aspirante a escritora que decidiu candidatar-se a um curso de escrita criativa online.
Preencheu com ansiedade o questionário que lhe colocaram, todas as respostas rasgadas, roubadas à boca do coração, ainda assim temendo que fosse de menor importância o facto de já ter nascido com as letras na alma e a poesia da prosa no corpo. A hesitação impôs o temor de que um curso online fosse algo impensável de fazer a sério... é possível estar-se mais enganado?
Com surpresa veio a aceitação para fazer parte do grupo para o 3º laboratório de escrita criativa do Instituto Camões.
Novo questionário, desta feita respondido com o ardor sangrento do coração inflamado pela expectativa.
Logo a abrir o fórum um colega expôs-se com um conto. Como não me faço de rogada nestas coisas da desgarrada, respondi-lhe à letra... um copo de água tinha jorrado sobre umas calças de executivo. Eu quis ser a outra voz no conto e rugi com força!
O fórum foi a melhor experiência do laboratório online, mas a experiência dos exercicios mostrou-me que isto de escrever tem mais que se lhe diga que apenas cuspir umas palavras para uma página de papel e colá-las com um bocadinho de emoção... não... isso não chega...
Por isso tenho tanta dificuldade na manutenção da escrita, na criatividade dos textos.
Mas outra coisa resistiu para lá do ambiente virtual do Instituto Camões... vocês... a vossa amizade, a vossa presença... E por isso vos digo:
I've Got U under my skin...
E com esta me fico... e me vou... não sei até quando...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Uma borboleta em Havana


As borboletas costumam ser animais invertebrados que passam por um processo de metamorfose antes de atingirem o estado alado e vivem apenas um dia depois disso.
Eu disse costumam? Pois é, eu tenho razão!
Neste caso porém, essa regra não se confirma! Esta borboleta é vertebrado, faz-nos a nós passar pela metamorfose depois de a conhecermos e viverá bem mais do que um dia.
Havana é o primeiro poiso que ela e o seu zangão resolveram escolher para dar inicio à viagem
das nossas vidas.
Eu vou suspirando e ansiando pelas noticias... e desta vez arrepiei-me... porquê?
Porque enquanto eu clicava no site as fotografias iam aparecendo... quase como se a borboleta e eu tivéssemos uma ligação qualquer e ela tivesse resolvido, do outro lado do mundo, enviar-me um presente - primeiro para ti amiga, primeiro para ti!
Adivinhas-me as saudades não é?
Fazes-me falta amiga, fazes-me falta...

sábado, 8 de setembro de 2007

O Rapaz de Cotão (4ª Parte)


Vagueando um dia pelo chão do sótão,
Encontrou no escuro daquele espaço
Sentada numa velha caixa de cartão
Lívida e só a Boneca Palhaço.

A Boneca Palhaço, matrafona feia,
De cabelo áspero, espetado e colorido,
Cabeça grande feita de uma meia,
Vestia um remendo em jeito de vestido.

Tinha em lugar do olho, um botão.
A cara pintada de leve esborratado.
E em breve e cândido acto de contrição,
Deixou o Rapaz perdido e apaixonado.

A Boneca nas suas cores desbotadas,
Tinha baça fuligem de tempo no vestido
E contas de metal no pescoço pregadas,
E na mão fechada um violino partido.

História Encantada

Uma amiga minha entra na Biblioteca de Oeiras. É fim de verão. Tempo para leituras ao modo dos teares por completar. E diz-me ela, alertando-me para uma "história curiosa": "Tenho passado o dia a ler e a escrever com calma. E como te disse as minhas leituras têm sido as tuas páginas". Até aqui tudo bem, Vanessa, e só espero que não te caia em cima um meteorito ou uma dessas setas envenenadas que são próprias dos deuses mais desastrados. A minha amiga resistiu e lá conseguiu continuar a ler-me (há vários romances meus por lá: é assim a generosidade do serviço público). A certa altura, está a Vanessa à luta com o meu Máscaras de Amesterdão, e eis que a grande surpresa invade a via láctea. Diz ela: "imagine-se que eu estava apenas a abrir as páginas ao acaso para saborear frases soltas. Não era para perceber o sentido, queria apenas sentir o som. Por vezes, faço isso com poesia e também o tento fazer lendo outro tipo de literatura" (...) "E ao abrir, comecei pela página de face, quase vazia, com inscrições de datas e pontuações da biblioteca com referências. Então os olhos caíram sobre a tinta azul que dizia: "Para o Eduardo Prado Coelho com um abraço do... assinatura ilegível".
e
Nessa altura, a Vanessa precisou de confirmar a assinatura com a do seu próprio exemplar de E Deus Pegou-me pela Cintura para ter todas as certezas acerca do móbil do crime. Salvo seja. Mas era mesmo verdade, verdadinha: "Eu tinha nas mãos um livro que autografaste ao Eduardo Prado Coelho em 22/10/02. Em cima da secretária repousava um outro que me tinhas autografado em 06/03/2007. Após o pasmo inicial, calculei que aquele momento fosse muito bonito e representativo da forma mágica como as vidas se cruzam no ocaso do acaso. E as datas, que já foram dias específicos, com acontecimentos concretos, com pessoas dentro de pessoas, de repente foram mais do que números" (...) " Fiquei imaginando o hiato entre os dois tempos com a mesma assinatura, a quantidade de vida, de histórias, de pessoas, de paisagens sonoras, que cabiam ali dentro" (...) "e era verdadeiramente impressionante".
ee
"É assim", minha amiga - que me autorizaste a tornar pública esta ópera silenciosa: do outro lado das empatias, dos reconhecimentos e dos panegíricos sinceros, ou não, os vulcões também se abatem. Há muitos anos, já tinha comprado romances meus por vinte escudos no Terreiro do Paço. O que eu não sabia é que um romance com dedicatória e tudo pudesse, em menos de cinco anos, ser extraviado para os corredores de uma biblioteca pública. Achei este enredo delicioso, confesso. É terno e dispõe os acasos diante de nós como se fossem um self-service sem fim. Às vezes, a literatura não muda mesmo as nossas vidas. Não é?
e

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

E lá foi a nossa querida borboleta..

E lá foi a nossa querida borboleta esvoaçar pelo mundo fora, cheirar novas vozes e saborear outras paisagens. A alegria que me invade o peito é proporcional à saudade que o aperta. Um ano é demasiado longo para ficar como experiência, é demasiado grande para ficar só na memória. É o tempo de um sonho ganhar corpo e abrir os braços a quem tanto o desejou. É o tempo de todo um renascer interior, um reaprender a viver, a pensar e a voltar a idealizar. Nada será como dantes. Uma nova vida começa agora.
Ficamos a aguardar, impacientes, por notícias vossas!
Muitos, muitos e muitos beijinhos!
Boas viagens/estadias/caminhadas/existências à volta desse mundo, que será vosso!!

Há partidas que doem...


Hoje é o dia!
É hoje que parte a borboleta...
Há partidas que doem no peito de quem fica... Esta é uma delas.
Sei que partes leve, sei que fica o peso da tua presença alada e suave. Para quem te não conhece isto pode parecer pouco, mas os que de nós te conhecemos, sabemos do imenso peso que essa presença significa!
O mundo que vais explorar é mais pequeno que tu e nós ficamos entregues a essa imensidão da tua ausência, aguardando que nos digas que o pequeno mundo que nos rodeia é também demasiado pequeno para nós...
Os leques ficam mais ricos porque as estórias que vais trazer nos inundarão de fantástico, de formidável, de espantoso. Mas ficarão mais pobres porque a tua presença não será constante, permanente...
A saudade é uma palavra muito portuguesa, que tivemos o cuidado de transportar nas malas de cada vez que nos aventurámos no mundo... não foi por isso que deixámos de partir... foi só por isso que tivemos de voltar!
Uma boa viagem minha borboletinha. Boa viagem Miguel!
Eu que me preparo para as saudades, vos saúdo!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Hoje sinto-me assim...


Pegando num post do alf venho aqui confessar-me, como mulher e como leque. Estou agitada pelas saudades hoje. As saudades de bons amigos que partem, as saudades de bons amigos que ficam e... acima de tudo... as saudades de mim quando estou com eles!
É... tenho andado ausente de mim, desde um belo dia de Verão, o mais quente do ano, em que antas e cromeleques ganharam vida e de entre eles vi surgir uma fada, um druida, um gigante das letras, uma musa inspirada, uma bela ninfa e três pequenos duendes, levando-me em braços ao lado do meu consorte, por entre caminhos de pedras e terra, suando em bica, cheirando o solo misturado com os aromas de milhares de anos e as promessas do dia que viria depois...
Entretanto tudo se passou rapidamente. O mundo em que entrei de seguida deixou-me num êxtase avassalador até hoje. O dia acabou depressa demais, os amigos que revi e os outros que fiz deixaram as saudades que vêem escritas neste solo arenoso e que está também gravado a fogo no peito.
Amanhã parte uma amiga irmã para o outro lado do mundo e durante um ano vou viver em suspenso, aguardando a sua volta, ansiando por novas suas em formato digital e no entretanto vou salivando por mais.
Daqui a dias partirá uma outra amiga que temo muito tenha perdido a confiança em mim. Pior do que isso, esteve aqui a dois passos da minha mão e eu deixei-a voar sem sequer lhe vislumbrar as asas! Imperdoável... é o que dá andar-se ausente do corpo e deixar-se o espírito vogar livre por outras paragens!
Aos outros amigos que vão agitando os leques ao sabor do calor suave deste Verão, peço que não me levem a mal, mi casa es su casa, quando bem entenderem... mesmo que eu não esteja nela!
É que esta casa já se habituou de tal forma a albergar espíritos livres e ávidos leitores, que já funciona sem mim na sua protecção...
Para os outros que não me conheciam ainda deixo um repto... A minha escrita anda desmaiada, triste, esbatida. Existe por ai uma alma caridosa que faça sobressair em mim tudo o que tem de belo, alegre, indomável?
Vamos lá pessoal... se é de agitar que se trata, eu torno-me já um leque ao vosso dispôr...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A PROPÓSITO DE UM REPTO NO MINISCENTE QUE DÁ QUE PENSAR

OS LIVROS QUE NÃO MUDARAM A NOSSA VIDA...

Subtítulo: Entendimento Light para não engordar o cérebro.

Sou da opinião, uma opinião que surge exactamente agora e como não vem de longe é tão fundamentada quando o instinto, de que os livros são coisas do seu dono. Sejam de belo porte e senhora raça, ou vadios desgraçados, só são tristes e perdidos quando não têm dono.

Os únicos livros que li e não mudaram a minha vida substancialmente foram os romances cor-de-rosa da minha adolescência. E mesmo assim só porque fiquei chateada quando cresci e o raio do príncipe tinha um automóvel e cheirava mal da boca. Espero que as autoras de quem já não me lembro, se sintam felizes com os seus caniches cor de princesa, e mudem a vida de alguma pobre infeliz, com as suas mensagens de guardem-se puras para o beijo fatal.
Isso é tudo muito importante porque o mundo já não tem virgens e nem homens a cavalo, o que é uma desgraça.

Portanto, quando um autor tem mais a dizer do que, guarda-te virgem e espera o almoço gémeo servir-se no prato do teu cálice maduro, eu acho tão bom que leio tudo com gula de principiante.

Assim, tenho a dizer que livros maus e bons que não mudam a vida de pessoas, são tão sinistros quanto os livros vazios e muito pouco sentidos que não servem de casaco de abrigo ao autor. Graças a Deus ainda não conheci nenhum.

Virginia Lobo do Kassembe

O Rapaz de Cotão (3ª Parte)

Era feito em seu jeito o Rapaz de Cotão
De borbotos, pós e fibras várias ,
Das sujidades que vagueiam no chão,
Mais de micróbios e ácaros párias.

Tinha na sua consistência porosa
A fácil e evidente razão da repulsa.
Mas em tal matéria horrorosa
Um puro e verdadeiro coração pulsa.

O Rapaz de Cotão cresceu enjeitado,
Coberto pelo pó, rebolando o chão.
Pelos pais ressentidamente rejeitado
Numa infância de triste alienação.

Que sentimentos tristes o entupiam!
Nem companheiros, amigos também não.
Só os ácaros que em si viviam
Quase lhe aliviavam aquela solidão.

THE HOURS By VIRGINIA WOLF DO KASSEMBE

São duas da manha.
Só isso.
(…)
Ardem-me os olhos
De solidão.
Ainda há mais isso.
(…)
Duas merdas da manhã depois,
Só com o eu e as páginas cagonas
Sobejam-me os palavrões
Para abalroar tudo o que hoje escrevi.

Merdas.
Só isso.
Merdas.
...
É preciso tanto excremento?
Tanto!
Para se ser Virginia Wolf do Kassembe.
Se é só isso que se pede.
Que ela reencarne no Kassembe.
Não precisa ser génio
Só conseguir escrever
F...s!
V. Do K.

sábado, 1 de setembro de 2007

O Rapaz de Cotão (2ª Parte)


Façam os testes e tragam resultados!
E os médicos olhavam-no com admiração.
Se todos os cuidados foram tomados,
De onde saiu esta aberração?

E foi uma descoberta de pasmar!
Que o Rapaz de Cotão era então,
Fruto de estranho e bizarro amar
Da cópula que lhe ditou a concepção.

A mãe chorava disposta a confessar
A paixão que a prendeu como num nó,
A relação em que se deixou embrenhar
Imprudentemente com o aspirador de pó.

A revelação o pai acatou com paciência.
A sua culpa era também evidente:
Anos e anos de falta de assistência
E a esposa entregue ao desejo demente.

Clara e Miguel, boa viagem!

É verdade, no momento em que escrevo este post faltarão poucos dias para o tiro de partida da volta ao mundo da Clara e do Miguel. Certamente será uma epopeia, onde as asas de uma borboleta provocarão efeitos desmedidos por essa Terra fora.
Em jeito de homenagem, deixo já a seguir um pequeno conto que fiz para a Clara, no passado mês de Abril (e já publicado no meu blog), quando ela deslocou uma vértebra (lembram-se?). Agora, totalmente recomposta, aí está ela pronta para ver e viver as sete partidas do mundo, numa cruzada onde apenas conta a sua sensibilidade e o seu espírito curioso. Ela, e o Miguel, terão o privilégio de mirar e sentir coisas que muitos de nós não suspeitamos. De certeza que irão partilhar connosco nem que seja uma ínfima parte das suas experiências e vivências.
E agora partimos para o pequeno conto:

A MAIS CLARA DAS DECISÕES

“Na noite em que, ainda sem saber como, desloquei uma vértebra a dormir, tomei uma decisão que me pareceu perfeitamente consciente e plausível: vou dar uma volta ao Mundo!
Contra a minha vontade, estou deitada na cama, mal me podendo mexer. Não tenho dores, apenas um ligeiro incómodo contínuo, como se a minha vértebra me estivesse permanentemente a recordar que existe. Eu sei que ela não é virtual mas escusava de se manifestar desta forma traiçoeira, ainda para mais sabendo que se deslocou durante o sono. Mas irei fazer com que pague caro este atrevimento. A minha vértebra, o resto do meu corpo e a minha alma, mesmo por mais infinita que ela seja, iremos viajar durante um ano por essa Terra fora.
Não, não tive nenhum sonho especial. Apenas uma clarividência tão ofuscante que me fez despertar. Aliás, não foi a dor que me acordou mas sim a ideia de que tenho de fazer a viagem da minha vida.
Despertei com esse desejo tão grande e talvez tenha sido ele que me fez estrebuchar por inteiro, fazendo com que a minha vértebra se deslocasse. Calculo até que o meu osso discal adivinhou esse pensamento e, querendo antecipar-se à partida, moveu-se inexplicavelmente com o meu desejo mas, talvez sem querer, amarrou-me à cama.
Terá sido uma conspiração para eu não bater as asas antes de tempo? Chamam-me de borboleta mas agora estou encerrada no meu casulo. Mas só o meu corpo. A minha mente já voa por montes e vales, mares e rios, cores e pessoas, cheiros e ventos. Assim que me puder erguer da cama a primeira coisa que farei será abrir a janela de par em par. Quero sentir o Mundo antes de me embrenhar nele. Agora só quero mesmo uma pequena colaboração... Sim, vértebra, estou a falar contigo! Despacha-te. Põe-te boa, depressa! Desamarra-me e solta-me na redonda bola azul. Também ela anseia por mim tal como eu anseio por ela.”


(imagem retirada de www.cienciaviva.pt)

Mulheres e Homens

Saltitando de blogue em blogue saltou-me à vista a diferença espantosa entre blogues de homens e mulheres. Que se estende aos comentários e comentadores.

Nos blogues dos homens extravasa a sua competitividade, a vontade de apontar o erro, a crítica; os das mulheres tratam do que sentem, são umbiguistas. Isto em linhas muito gerais, evidentemente.

Os blogues não são, ainda, um retrato da humanidade. Mas sem dúvida que retratam uma parte importante dela. Homens e mulheres surgem na blogosfera tão diferentes como se de espécies diferentes se tratasse.

Quando olho para as personalidades típicas de homens e mulheres que em tantos blogues se revela, fico um pouco assustado - não quero estas personagens nos romances que farei ou não. Mas cabe ao romancista escolher a humanidade a que dá vida?