quarta-feira, 15 de agosto de 2007

OS LIVROS DAS FÉRIAS

PAUL AUSTER, “Leviathan”, romance, Edições ASA, 272 páginas, 1ª edição: Outubro de 2003

Leviathan é o nome de um monstro bíblico simbolizador do mal e o título de um célebre tratado do filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679) sobre a origem do Estado e os fundamentos teóricos do poder político.
O romance tem como epígrafe uma frase do ensaísta norte-americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882): “Todos os Estados existentes são corruptos”.
O monstro da corrupção e da degenerescência social e política pode medrar numa democracia “perfeita” como a dos Estados Unidos.
Estamos na era Reagan, e um “clima de americanismo fanático e imbecilóide” perturba profundamente um homem que na juventude se havia negado a combater na guerra do Vietname, tendo cumprido, por esse crime, uma pena de prisão de dezassete meses. Esse homem chama-se Benjamin Sachs, é escritor, e publicou um grande livro – “The New Colossus” – uma miscelânea de ficção e historiografia onde entram personagens históricas, como Walt Whitman ou Sitting Bull, e outras provindas directamente de grandes ficções literárias, como Raskolnikov, protagonista do romance “Crime e Castigo” de Dostoiewsky. Alguns críticos viram em “The New Colossus” um escrito clamorosamente antiamericano.
A partir de uma sucessão de experiências traumáticas, Benjamin Sachs abraça o projecto de mostrar à sociedade do seu país os perigos que cercam a democracia, e tal desígnio leva-o a uma morte violenta.
A biografia de Benjamin Sachs é-nos apresentada pelo seu amigo Peter Aaron, escrita numa corrida contra o tempo, enquanto o FBI procedia a minuciosas investigações sobre as circunstâncias da sua morte.
Neste romance de Paul Auster viajamos pela consciência profunda de uma América inquieta, onde se divisam os fantasmas da liberdade, a complexa malha das relações interpessoais, a fidelidade e a duplicidade nos jogos do amor, o desespero e a esperança.
Não adianta dizer mais, o melhor, mesmo, é ler.

1 comentário:

bruno cunha disse...

Este foi o 1º livro que li do Paul Auster e logo a partir desse momento me tornei fan dele.
Obrigado por me recordares isso.
;)