quinta-feira, 23 de agosto de 2007

o poder impossível

Nesta nossa era tecnológica não é com a lanterna que se procura o Humano. Eu uso sobretudo a Net para isso.

Uma coisa que me está a chamar a atenção é que de vez enquando encontro uma senhora casada à procura de aventura extramatrimonial; e normalmente essa senhora tem um casamento onde impera o poder do marido; que normalmente tem uma profissão ligada ao exercício da Autoridade.

A pouco e pouco comecei a perceber: ela não está a trair o marido; o marido submeteu-a unilateralmente à sua autoridade. Ela obedece, não fez um acordo. O casamento não é uma sociedade de iguais, é uma firma uninominal. Ela é, na realidade... escrava!

Então, a aventura fora do casamento torna-se indispensável à sua autoestima. E, como qualquer transgressão a uma autoridade imposta, é algo muito excitante.

Outra caracteristica comum a estas mulheres é que não têm orgasmo com o marido. Mas isto não tem causas fisiológicas - é a protesto delas pela sua condição.

Isto não é um comportamento "feminino". Sempre que o poder é imposto unilateralmente, os submetidos só "obedecem" se não encontrarem forma de o torpedearem.

Em Portugal, as pessoas fugiam muito aos impostos porque este era uma imposição de um Estado que cobrava e não dava satisfações (ainda vai sendo assim...).

Oitenta espanhóis conquistaram o poderoso império Inca de mais de 6 milhões de pessoas. Como foi isso possível??? Nem nos mais alucinantes filmes de ficção se viu jamais tal coisa!!! A explicação: toda aquela gente estava submetida pela pequena tribo dos Incas, os espanhóis só tiveram de tratar da saúde a uma dúzia de Incas; os submetidos devem ter dado graças por os espanhóis os terem livrado do jugo Inca.

O 25 de Abril em Portugal é um pouco a mesma história - um desorganizado grupo de militares numa tosca operação militar foi quanto bastou para cair o Poder não aceite.

Os EUA foram para o Iraque convencidos que isso iria acontecer, que se tratava de um povo submetido a um ditador; não perceberam que esse ditador era o garante da paz naquela sociedade tripartida - tirar o Saddam do poder exigiria a imediata divisão do Iraque em 3 países. Ainda não perceberam isso.

Conclusão: ainda bem que as mulheres casadas com homens que as submetem os enganam! É graças a essa caracteristica do Humano que o Poder de uns sobre os outros se torna, a prazo, impossível.

8 comentários:

Unknown disse...

Um comunicado que apela à liberdade que envolve muita matemática!

E dizes tu...

Sou néscio mas topei isso!

Adorei os exemplos significativos.

Valiosa intervenção e muito útil hoje em dia.

A invasão dos americanos foi péssima para o ensinamento das gerações mais novas, foi só intencional e reflectiste isso.

Que conhecimento... temos de o estimar para que não abrande!

antonio ganhão disse...

Alf, já pensou que os EUA foram para o Iraque para o deixar exactamente como está?

Nisso limitaram-se a copiar o nosso exemplo em Moçambique (10 anos de guerra civil), Angola (20 anos de guerra civil), Timor (30 anos de brutal ocupação Indonésia), Guiné (sem solução). A democracia demora… mas um dia chega.

Para um povo fortemente dividido por etnias só existe uma de duas soluções: fragmentação e independência das diversas etnias (tipo Yugoslávia) ou uma ditadura tipo Sadam.

Para os caciques reinantes o caos é mais aterrador do que a democracia.

antonio ganhão disse...

Lá no Outramargem, deixei um comentário sobre o início da nossa civilização, que aconteceu quando a mulher eliminou o papel do macho dominante na manada humana.

As nossas regras sociais começaram a partir daí: livre sexo, livre procriação.

Depois complicámos com regras de exclusividade, de moral… mas na essência somos como os macacos ou como os golfinhos, somos pela liberdade sexual!

(PS: esta regra não se aplica cá em casa, onde a mulher é 100% fiel.)

Patrícia Grade disse...

Ó António... então essa fidelidade a 100% é unilateral?

MNunes disse...

O artigo já era interessante, dos comentários nem se fala. O meu querido amigo Alf acha que o adultério feminino é resultado directo da opressão dos maridos. Quem sou eu para dizer que não, para mais nem ando a ver essas coisas na Net, e a Net, ao que parece, é instrumento fiável para essas análises. Só que tinha outra ideia. Parecia-me que a emancipação da mulher e a queda de tabus sobre a sexualidade feminina, ia levando o outro sexo para padrões de comportamento sexual tendencialmente próximos dos masculinos. Há até umas estatísticas americanas (sempre estes danados americanos!)que apontam para cerca de 40% de mulheres que são ou já foram infiéis aos seus companheiros. Felizmente que ainda há 60% que se salvam! Abençoados lares habitados por esses anjos de virtude incapazes de lançar o pó da desonra sobre as cabeças inquietas dos patriarcas!
Quanto à infidelidade masculina, dizem os mesmos americanos que a percentagem é mais alta, não me lembro bem, se calhar aí uns 90 ou 95%, o que de acordo com o amigo Alf poderia levar-nos a concluir que essa era a percentagem de mulheres que tiranizavam os seus maridos. Então o sexo masculino seria muito melhor que o feminino, e isso é algo em que eu me recuso acreditar.
Um grande abraço e força com essas provocações.

antonio ganhão disse...

Oh! Indy ficava mal eu vir para aqui gabar-me, por isso nada digo... só falo da minha dama, que é uma grande senhora.

Carlota Janota disse...

Uma análise muito interessante, Alf! Um bom apanhado de vários exemplos que ilustram essa teoria. No entanto, escapa a esta análise determinadas razões que se prendem com o contexto específico em que cada um dos fenómenos tem lugar.

Uma pessoa (ou um grupo de pessoas) não se revolta só porque vive numa situação de opressão. Esta pode ter um peso bastante significativo e, por vezes, determinante nalgumas situações. Mas nunca é a única causa (e, muitas vezes, até se torna um impedimento à acção). Por exemplo, a mulher sempre foi submissa ao homem e nem por isso o traía com tanta frequência com que o faz hoje (embora não me possa basear em estatísticas para tal comparação). Essa emancipação da mulher é acompanhada de tantas outras mudanças nas sociedades modernas (ou pós-modernas) que a colocam constantemente numa situação de comparação e equivalência com o homem. E baseando-me até em casos mais próximos, não encontro muita relação entre o autoritarismo do homem com as escapadelas da mulher (mas lá está, isto é senso comum, não é apoiado em nenhum estudo). Aliás, dentro dos meus conhecimentos pessoais, as mulheres que mais vezes pularam a cerca tinham ao seu lado criaturas bastante inofensivas e liberais. Neste ponto, acabo por concordar com o Manuel: como interpretar, na óptica dessa teoria, as percentagens de traições masculinas?

Obrigada pelo abano :)***

alf disse...

Que responder às vossas análises? Eu constatei um fenómeno da nossa actualidade. No nosso quadro social actual, onde a autonomia da mulher não tem comparação com tempos passados, um marido autoritário torna impossível uma relação normal dentro do casamento - a mulher já não está disposta a aceitar essa situação.

Antigamente, como isso seria a situação geral, as mulheres aceitavam a situação; mas hoje não é a situação geral.

Em termos de estatísticas de infedilidades, isto não terá relevância... embora a minha experiência internautica diga o contrário.

Este comportamento não surge isolado: estas mulheres estão normalmente em tentativa de divórcio mas eles opoem-se; depois há filhos e chantagens, a situação complica-se.

Num casal onde o marido não é autoritário, se as pessoas não se entendem divorciam-se.

Talvez por causa destas situações é que o governo alterou ou estuda a alteração das condições para o divórcio. Por forma a que o divórcio não careça da "autorização" do outro membro do casal.