sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Soltando cachorros de madrugada... a propósito de realidades e religiões literárias

A realidade é algo de indefinível, depende de pontos de vista. E o chão é o que dele fazemos. O terreno da literatura reflecte, quando muito honesto, qualquer coisa do nosso betão. Ou assim imagino.
Não é o contar da vidinha, nem pressupostos de magnificências do eu, apenas se trata de formas de se parir de novo.

Religião parece-me, na sequencia do post abaixo, que seja o recriar sagrado do espaço translúcido do eu. E cultivar aquilo que nos importa.

A mim importam as viagens das minhas palavras, por isso sou deusa sempre do terreno das minhas frases, que muitas vezes são donas de si próprias.

A imaginação não tem, nem deve ter, nomes, cruzes, credos, sacrifícios, sacrilégios, deve ser sempre um verdadeiro prostíbulo ou então, quem sabe, altar de vísceras.

Gosto imenso das vontades do possível em tudo aquilo que impossível é. Por deuses! Há tanta destreza no improvável, no inalcansável, na falta de toque!

Castrar a Literatura é tão absurdo que vale a pena ser touro apenas pela valência do tamanho dos seus tomates. Nunca vi. Suponho que sejam grandes e valentes.

Por isso talvez a vivência da sensibilidade como se literatura fosse só isso. Bocados de alma de deuses. Que tudo podem, e tudo criam, acima de todas as questões terrenas.

Haja libertinagem e liberdade para os santos demónios da literatura. Com Deus numa mão e o diabo na outra, os caminhos da procura, jogam sempre a teu favor.

Não acredito em livros não sofridos, em livros não suados, em livros não apaixonados e amados, que não se fazem como se os amanhãs se matassem.

Acredito profundamente num certo nível de terror perante a criação. E veja-se que eu só crio ainda vozes de abelhas, esperando do seu corpo os seus favos como um faminto pedinte.

Escrever por vezes não custa....arrasa. (Devo mesmo lá no fundo das minhas canices, ser mesmo masoquista. Ou desequilibrada. Os senhores do equilíbrio não precisam da literatura para nada mais do que contemplação)

As noites são sempre madrugadas de mistérios e soltam de todos os matos os seus cachorros...

Existe um mundo próprio para latidos sabem...e é este aqui.

Agradeço que me mordam os ganidos. (risos)

VOG

5 comentários:

Anónimo disse...

Sim senhora, isto é o que se chama um texto doutrinário.

bruno cunha disse...

muito bem, é mm 1 manifesto sobre o que é sentir a escrita, os livros, a literatura!
provavelmente até te vou pedir permissão para o publicar num site que dps te direi, certo?

NinaSimone disse...

Não fazem ideia do que uns quantos gins fazem aos cães de madrugada...é um problema!
Mas agora de manhã sem ressaca (vantagens de se beber só e apenas Gin tonificado) revejo e continuo amiga das palavras do gin. Suporto-lhes.
Um abraço

Carlota Janota disse...

Querida ninasimone, delicio-me sempre com a tua forma (tão particular) de manifestar as tuas convicções, sentimentos e estados de consciência.

Muitos beijinhos :)

Anónimo disse...

bom comeco