segunda-feira, 3 de setembro de 2007

O Rapaz de Cotão (3ª Parte)

Era feito em seu jeito o Rapaz de Cotão
De borbotos, pós e fibras várias ,
Das sujidades que vagueiam no chão,
Mais de micróbios e ácaros párias.

Tinha na sua consistência porosa
A fácil e evidente razão da repulsa.
Mas em tal matéria horrorosa
Um puro e verdadeiro coração pulsa.

O Rapaz de Cotão cresceu enjeitado,
Coberto pelo pó, rebolando o chão.
Pelos pais ressentidamente rejeitado
Numa infância de triste alienação.

Que sentimentos tristes o entupiam!
Nem companheiros, amigos também não.
Só os ácaros que em si viviam
Quase lhe aliviavam aquela solidão.

1 comentário:

NinaSimone disse...

Que história tão doce e melancólica, que história tão bonita! também diverti-me com a parte da cópula com o aspirador, as coisas de que se lembrou a senhora dona mamã!
Iharah
Belo conto.
Um abraço
V.